A Cabify mudou em 2019. A empresa anunciou em junho que cortaria preços em 25% e que pretendia, sob o lema “Escolhas Inteligentes”, duplicar o tamanho da operação e o faturamento neste ano. E o escritório também acompanhou as novidades: a companhia espanhola inaugurou há pouco mais de um mês um espaço completamente novo no bairro Jardim Europa, em São Paulo.
Sendo o único aplicativo de transporte cujo nível de carbono é neutro — isto é, todas as emissões com viagens da empresa são neutralizadas com outras ações –, a Cabify afirma que construiu o escritório para seguir a mesma lógica.
EXAME visitou o local poucas semanas após sua inauguração. No espaço, há aproveitamento de luz natural, iluminação inteligente e móveis de madeira sustentável e de reflorestamento. Para beber água ou café, são usados copos de papel, ou um copo personalizado que foi distribuído a todos os funcionários — feito com fibra de arroz no lugar do plástico.
“Quisemos construir um espaço que também fosse ecologicamente sustentável, tal qual nossas operações na rua”, diz Wellington Pereira, diretor financeiro e de Pride & Talent da Cabify, que coordenou a reformulação do escritório.
De paredes coloridas a massagistas ou manicures que podem ser agendados pelos funcionários (a preços mais baratos que a média paulistana), veja a seguir como é o escritório da Cabify em São Paulo.
Decoração
A maior parede do escritório tem como decoração um grafite idealizado pelo grafiteiro de rua Roger Tai, que já fez trabalhos no festival de música Lollapalooza, no estádio de futebol Arena Corinthians e no carnaval de Salvador (BA), o maior do mundo.
“O grafite traz para dentro do escritório elementos urbanos, espaço em que a Cabify atua, com a sensibilidade de entender o caos urbano e a preocupação com a redução de emissão de carbono”, diz Pereira.
As tintas dessa e das demais paredes também usaram fórmula com baixa emissão de gás carbônico e com teor reduzido de componentes voláteis (COV), componentes químicos presentes em alguns materiais sintéticos e considerados poluentes (alguns sendo até mesmo tóxicos para a saúde).
Espaço “Carbono Zero”
O espaço “Carbono Zero” foi criado para remeter ao fato de que todas as corridas da Cabify têm emissão neutralizada. Os móveis e parte do telhado são feitos com matéria-prima de reflorestamento e objetos reutilizados, e a grama verde artificial usa borracha reutilizada de pneus de carro.
Funcionários podem ir até as poltronas do espaço para trabalhar ou simplesmente descansar em momentos de pausa. No fundo, também é possível ver pequenos cubículos destinados a calls ou reuniões rápidas de poucas pessoas.
O escritório foi pensado para aproveitar a luz externa durante o dia. Quando as luzes precisam ser acesas, são usadas lampadas de LED, que são 85% mais econômicas que as convencionais.
Dentre as ações para ser carbono neutro, a empresa também colabora com o projeto Madre de Dios, que emprega comunidades locais na Amazônia, de modo a prevenir o desmatamento em áreas onde a extração ilegal de madeira é intensa. Em 2018, foram 114.000 toneladas de carbono compensadas.
Selfie na recepção
O escritório, que ocupa um andar inteiro no prédio em que está localizado, também não tem recepcionista. Ao chegar à porta do espaço (onde está, na foto acima, o diretor Wellington Pereira) o visitante usa um totem que fica na porta para tirar uma foto de si mesmo.
A foto, então, chegará por Slack corporativo à respectiva pessoa da Cabify com a qual o visitante veio conversar. O funcionário, então, vai até a entrada do andar para liberar o visitante.
Paredes inspiradoras (e equipe em crescimento)
As paredes do escritório contêm alguns lemas da empresa, além de frases escolhidas pelos próprios funcionários, que colaboraram respondendo o que significava trabalhar para a Cabify. Nas imagens acima, é possível ver algumas delas, como “Faça algo maravilhoso”, “A melhor maneira de se ter uma boa ideia é ter muitas” e “O único jeito é para a frente”.
Os funcionários do escritório em São Paulo ficam distribuídos em mesas conjuntas, incluindo os diretores de cargos mais altos. Até mesmo Pereira, diretor financeiro, ou Pedro Meduna, o diretor de operações no Brasil, compartilham as baias com os colegas.
E haja mesa: a empresa afirmou que vai investir 20 milhões de dólares ao longo dos próximos anos para dobrar sua equipe de tecnologia.
Resultados em tempo real
Uma televisão no centro do escritório passa em tempo real informações sobre a empresa ou fatos que se relacionem à atuação urbana da Cabify, como a previsão do tempo. O espaço também pode ser usado para trabalho e conversas ou reuniões rápidas. No dia em que EXAME visitou o escritório, em junho, os funcionários comemoravam a nota máxima conseguida pela Cabify no site ReclameAqui.
A Cabify tem no mundo mais de sete milhões de usuários, 1.500 funcionários, 200.000 motoristas parceiros e está presente em mais de 100 cidades em 12 países na América Latina e na Espanha.
No braço corporativo, em que funcionários de empresas clientes podem usar uma conta para fazer viagens à trabalho sem precisar pedir reembolso, a Cabify tem mais de 50.000 companhias que usam o serviço. Segundo Pereira, o braço corporativo é uma das apostas da empresa.
“Na Cabify, o usuário nunca vai pegar um carro em más condições ou pequeno. Não aceitamos alguns tipos de hatch [formato com carros tradicionalmente menores], por exemplo, o que é atraente para o público executivo”, diz Pereira. “Continuamos apostando na estratégia de oferecer mais qualidade nas viagens do que as concorrentes.”
Rumo às patinetes
Em um canto do escritório, os funcionários da Cabify conseguem ver ainda um capacete preto (semelhante ao da foto acima, tirada nas ruas de Madrid) que simboliza uma prévia de um dos próximos desafios da empresa no Brasil. No segundo semestre de 2019, a Cabify vai ajudar a lançar por aqui as patinetes elétricas da Movo, startup espanhola de micromobilidade fundada em 2017 e na qual a Cabify é uma das investidoras.
Nas cidades em que a empresa já opera, os usuários podem desbloquear as patinetes usando o aplicativo da própria Cabify. Operando em México, Chile, Colômbia e Peru, além da própria Espanha, a Movo anunciou em abril aporte de 22,5 milhões de dólares em investimentos para expandir a operação na América Latina.
No Brasil, as patinetes da Movo ainda estão em fase de testes e devem ser lançados nos próximos meses, ainda sem data definida. O desafio será grande por aqui, onde já operam no setor de patinetes nomes como a Grow (fusão da brasileira Yellow e da mexicana Grin) e a americana Lime.
O renovado escritório da Cabify também estará de braços abertos para receber os membros da nova empreitada. “Quando eles começarem a operar no Brasil, vão ter uma equipe aqui no mesmo escritório”, explica Pereira. Se depender da Cabify, vai ter muito mais gente usando o novo espaço.
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