Uma pílula anticoncepcional para homens passou nos testes iniciais de segurança humana, afirmaram especialistas nesta terça-feira, dia 26. A pílula, feita para ser tomada uma vez ao dia, contém hormônios desenvolvidos para impedir a produção de espermatozóides. O anúncio foi feito em no encontro anual da “Endocrine 2019”, uma importante conferência médica, realizada em Nova Orleans, nos EUA.
Esta pílula masculina está sendo testada por pesquisadores da Universidade de Washington e da LA BioMed.
Os médicos destacam que esta seria uma adição bem-vinda ao preservativo (camisinha) ou à vasectomia — as únicas opções atualmente disponíveis para os homens controlarem a natalidade.
Os participantes da conferência ponderaram, no entanto, que ainda pode levar uma década para o produto chegar ao mercado.
Esse ainda incipiente avanço vem quase 60 anos depois do lançamento da pílula feminina — ela alcançou as primeiras farmácias no ano exato de 1960. Como explicar essa demora? Para alguns, tem havido menos vontade social e comercial de colocar em prática uma pílula masculina.
Entretanto, pesquisas de opinião sugerem que muitos homens considerariam tomar uma pílula se um produto assim estivesse disponível.
Um questionamento que surge a partir daí é se as mulheres confiariam na memória dos parceiros. Um estudo feito na Universidade de Anglia Ruskin, no Reino Unido, em 2011, constatou que 70 das 134 mulheres entrevistadas se preocupariam com o fato de seu parceiro se esquecer de tomar uma pílula.
Desafio da medicina
Biologicamente, o desafio de criar uma pílula baseada em hormônios para os homens é garantir que ela não diminua o desejo sexual ou reduza as ereções.
Em homens férteis, novos espermatozóides são constantemente produzidos nos testículos, e eles são desencadeados por hormônios. O bloqueio temporário dessa produção, sem criar efeitos colaterais indesejados, é o grande problema.
Mas esta pílula masculina, que passa por testes da LA BioMed e da Universidade de Washington, deve alcançar este objetivo, dizem os pesquisadores.
Os primeiros testes de segurança da “fase 1”, com 40 homens, mostram-se promissores, disseram eles na Endocrine 2019 em Nova Orleans. O medicamento à base de andrógeno.
Efeitos colaterais moderados
Os efeitos colaterais são poucos e moderados, afirmam os pesquisadores que participam dos testes.
Cinco homens dos que ingeriram a pílula relataram diminuição moderada do desejo sexual — e dois descreveram disfunção erétil leve —, mas a atividade sexual em si não diminuiu. Nenhum participante parou de tomar a pílula por causa dos efeitos colaterais.
A professora Christina Wang, que está entre os médicos envolvidos na pesquisa, está entusiasmada, mas cautelosa com os resultados:
— Nossos resultados sugerem que esta pílula, que combina duas atividades hormonais em uma, diminuirá a produção de espermatozóides preservando a libido.
Testes em maior escala são ainda necessários para verificar se o produto funcionaria bem o suficiente como controle de natalidade.