Você ainda vai considerar morar em um apartamento compartilhado. É o que aposta a construtora Vitacon, famosa por seus apartamentos compactos.
Dividir o teto com amigos ou até desconhecidos não precisa ser exclusividade das repúblicas da época de faculdade – jovens que estão entrando no mercado de trabalho e até idosos podem se beneficiar do modelo, acredita a construtora.
O modelo não é novo e pensões já existem desde o início do século passado em São Paulo, para receber estudantes ou pessoas recém-chegadas na cidade. A novidade é a tecnologia e os serviços envolvidos, como delivery, coworking, serviços de mobilidade, entre outros.
Startups também surgem em todo o mundo para desenvolver esse formato de moradia. São mais de 700 operadores de espaços de coliving. Os dez maiores já receberam 5,2 bilhões de dólares em investimentos, segundo levantamento realizado por Guillaurme Perdrix, fundador da organização Co-Liv, voltada para impulsionar esse movimento.
Atualmente essa configuração de moradia atrai principalmente os jovens que estão entre a universidade e o mercado de trabalho. Também abarca pessoas em momentos de transição, como mudanças de cidade por conta de um novo trabalho ou término de um relacionamento, por exemplo.
“A tendência é que, com a evolução do mercado no longo prazo, vamos ver opções mais diversas”, diz Perdrix. Ele aposta em núcleos familiares menores, incluindo pais solteiros, e idosos e aposentados, que podem se beneficiar de um ambiente mais dinâmico e das relações entre as pessoas.
Segundo Alexandre Frankel, presidente e fundador da construtora Vitacon, o coliving poderia ajudar a reduzir o déficit habitacional, ao oferecer moradias mais acessíveis em áreas centrais da cidade. Cerca de 40 milhões de pessoas no Brasil não vivem em residências decentes e muitos passam horas no trânsito no caminho para o trabalho.
A Vitacon ainda não tem moradias compartilhadas, mas como os espaços privados são pequenos, a construtora investe nas áreas comuns. Há coworking, restaurante, academia e lavanderia compartilhados, por exemplo.
Perdrix diz que, no mundo, as moradias compartilhadas ainda são ligeiramente mais caras que apartametos tradicionais – a vantagem é o nível de serviço envolvido, o ambiente “cool” e descolado e a localização mais central. “Esse modelo está no caminho de se provar financeiramente viável como investimento. Depois disso investidores partirão para habitações com cunho social, mais acessíveis e por isso mais arriscadas do ponto de vista de retorno”, diz o especialista.
Pesquisa inédita
A Vitacon realizou uma pesquisa sobre o modelo no Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe).
Cerca de 31% das pessoas estaria disposta a compartilhar a moradia, se houvesse vantagem econômica. Dessas, 9% dividiria a casa mesmo sem conhecer as pessoas antes. 66% das pessoas não morariam em uma residência compartilhada e 3% não responderam.
Segundo Frankel, dividir o banheiro com outros moradores – conhecidos ou não – ainda é um grande tabu no país. Mas não é necessário ir tão longe. Cerca de 40% estariam dispostos a dividir o jardim ou áreas de lazer, 25% compartilhariam a sala de estar ou de televisão e 21% aceitariam partilhar a cozinha e a área de refeições.
Para facilitar a escolha de dividir o teto, 61% dos entrevistados preferem que todo o espaço já venha mobiliado e decorado. Já 29% preferem que apenas as áreas comuns já venham com móveis, mas que o morador tenha poder de escolha em relação ao espaço privado.
De acordo com a pesquisa, as pessoas estão cada vez mais dispostas a morar em apartamentos menores, adequados ao seu momento e estilo de vida e com serviços acoplados.
Cerca de 55% das pessoas moraria com certeza ou consideraria a possibilidade de morar em um imóvel pequeno, mas com áreas de convivência no condomínio confortáveis e planejadas. Já imóveis com serviços – como espaço de trabalho, academia, salão de beleza, lugar para delivery, etc – são uma possibilidade para 54%.
A possibilidade não está apenas na cabeça da população mais jovem ou rica. Dos que consideram morar em um ambiente compartilhado, 40% recebem até dois salários mínimos e 21% são idosos.
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