Pastor Isidório, o deputado mais votado da Bahia: “Gays podem ser curados”

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Ser gay é um pecado, acredita Pastor Sargento Isidório, eleito deputado federal em 2018 pelo Avante. Segundo sua interpretação da Bíblia, a homossexualidade é uma transgressão tão grave quanto roubar ou matar. A razão, ele explicou: “O pior pecado é a negação da espécie, porque homem com mulher vem filho. Homem com homem não vem nada”. Frases como essas são proferidas pelo deputado — o mais votado da Bahia, com 323 mil votos — sem qualquer lustre politicamente correto, seja em suas lives no Facebook, em suas pregações (ele é pastor da Assembleia de Deus) ou em seus discursos no plenário da Câmara.

Um de seus projetos, apresentados nos primeiros dois meses de mandato, é a criação do “Dia do Hétero”, no intuito de fazer frente à tendência que avalia existir no mundo de premiar o indivíduo que é homossexual. Isidório se autoproclama ex-gay e prega que a homossexualidade é uma escolha — e que se dá por três vias: pelo que ele chama de “safadeza”, que significaria ceder aos desejos sexuais mais “profanos”; pelo estímulo da “mídia”; ou porque pais e mães, no período da gravidez, desejaram um bebê de gênero contrário ao do nascimento do filho. O pastor não diferencia gênero de sexualidade. Ele também defende que a reparação à discriminação histórica de minorias não seja concentrada apenas nos gays. “Os negros, por exemplo, ainda não têm reparação. Negro não escolhe ser negro. Já a questão sexual é uma escolha”, arrematou o deputado.

O passado gay de Isidório só veio à tona recentemente. Quando se lançou na política estadual, em 2001, era um típico representante de corporação, defendendo os interesses de policiais nas greves da PM que ocorreram em alguns estados e que suscitaram até mesmo o esboço de um plano de intervenção militar por parte do governo. Ao ser preso durante um protesto, foi deixado próximo a um depósito de produtos químicos que causaram uma intoxicação que o levou à UTI e afetou suas cordas vocais. As greves lhe deram a notoriedade que terminou por elegê-lo pela primeira vez deputado estadual em 2002. Quem o conhece daqueles tempos não vê qualquer relação entre sua postura de então e o fundamentalismo religioso do presente. “Não se falava que ele era ex-gay ou ex-drogado. Ele era simplesmente uma liderança corporativista em formação. Não havia qualquer componente religioso no discurso”, disse uma liderança política baiana que o conhece desde aquela época.

Em seu histórico, episódios de abuso de álcool, drogas e relacionamentos homossexuais. Contudo, isso não o impediu de conciliar a vida libertina com seu objetivo de entrar para a Polícia Militar da Bahia. A conduta nunca o fez sofrer retaliações no trabalho. Fardado, comportava-se como Isidório, o sargento. Na vida homossexual, preferiu não revelar se os parceiros eram também do quartel. “Não vale a pena relatar, porque essas pessoas, assim como eu, se transformaram”, contou.

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Na bíblia, diz que encontrou a salvação. Até do vírus HIV ele se livrou, segundo seu próprio relato. Isidório afirmou ter se livrado do alcoolismo, das drogas e da vida homossexual depois de ter se convertido à religião evangélica. Disse que, mesmo sem ter feito tratamento médico, nunca mais incorreu em nenhum dos três hábitos.

Na reportagem de capa de Época dessa semana,
a história completa do pastor
que se tornou o deputado mais votado da Bahia, que mantém a Fundação Doutor Jesus para resgatar jovens dependentes químicos, e que diz com todas as letras: “Se ser gay fosse bom, eu estava gay até hoje”. (Exclusiva para assinantes)

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