Opinião: VAR tem que falar menos

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O VAR é um comentarista de arbitragem de luxo.

Nos campeonatos que estão chegando à fase decisiva e no Campeonato Brasileiro que começa em abril, teremos a presença do árbitro de vídeo. O objetivo é evitar que alguns resultados sejam alterados por erros claros da arbitragem.

Eles ficarão isolados numa sala com vários monitores de tv que recebem as imagens em tempo real, por vários ângulos, que são gravadas para auxiliarem na checagem do VAR.

Quando a dúvida é se a bola entrou ou não no gol, uma câmera bem colocada é necessária para esclarecer. Vai ajudar bastante!

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Se um jogador recebe um passe em posição duvidosa de impedimento, o assistente não levanta a sua bandeira e espera a conclusão do lance. Se a bola entrou, ele levanta demonstrando a sua dúvida. Nesse caso, o torcedor vai reagir nas duas ocasiões: quando a bola entrar e depois o que o VAR decidir. Preparem-se!

Em ambos os casos, o VAR checa o replay do lance e decide o que marcar.  O árbitro não precisa verificar o monitor à beira do campo. A atuação dos assistentes perde essa função. O VAR é quem decide! Passa a ser a “autoridade máxima”.

Até aí eu sou favorável à tecnologia ajudando os árbitros evitando que gols ilegais sejam confirmados e gols legais sejam anulados por impedimentos inexistentes.

Mas a participação do VAR , pelo protocolo, ainda se estende a outros lances. Por exemplo: se checar o replay e discordar de um pênalti não marcado, ou marcado erradamente, ou considerar uma falha grave da arbitragem, ele chama o árbitro para verificar o monitor a beira do campo.

O que não pode acontecer é um lance puramente interpretativo, em que o árbitro toma a decisão com convicção por estar em cima da jogada, bem colocado, ter a sua decisão contestada por uma interpretação diferente.

Ao interferir, o VAR estará induzindo o árbitro a supor que existe um erro. E ao verificar, ele acaba alterando a sua convicção, como ocorre em 90% desses casos.

O pior são os lances claros de bola na mão dentro da área assim interpretados pelo árbitro. O VAR, ao chamá-lo para revisar no monitor, praticamente muda o espírito da regra, e transforma um toque inesperado (um susto) em mão deliberada. Portanto, pênalti, muito comum nos campos de peladas. Daí termos um número maior de pênaltis quando existe a presença do VAR.

Temos outras situações que o VAR deve participar, mas não vou me aprofundar nesta discussão. Já tivemos, por exemplo, faltas mal marcadas próximas à area adversária que resultaram em goals e o VAR não pode interferir.

Portanto, “o paraquedas dos árbitros” como definiu a FIFA , não vai salvar a vida deles, que aos poucos vão perdendo sua autoridade, nem a polêmica vai acabar.

Mínima interferência e máxima eficiência é o que se espera do VAR.

Não falar muito no ouvido dos árbitros ajuda para que se mantenham focados. Afinal, são eles que estão dirigindo o jogo.

Finalizando, um conselho ao VAR:  não tenha pressa! Veja todas as imagens disponíveis e fale pouco. E, como um bom comentarista de arbitragem, conciso e objetivo, auxilie principalmente com bom senso.

Arnaldo Cezar Coelho é comentarista de arbitragem do Grupo Globo e integrante do programa Bem, Amigos, do Sportv. Como árbitro, viveu o auge da sua carreira apitando a final da Copa do Mundo de 1982.



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