* Diretamente de Hanover
Os carros elétricos estão entre os grandes destaques da Hanover Messe, feira de Tecnologia focada na indústria e que acontece em Hanover, na Alemanha. A reportagem do Olhar Digital esteve no evento* para conhecer as novidades e mostrar algumas tendências.
Existe, na Europa, uma preocupação grande com o meio ambiente e, por isso, há metas para acabar com o uso de veículos a combustão: em 2030, todos os novos carros registrados na Alemanha, por exemplo, devem ser livres de emissão de gases estufa. No Reino Unido e na França, a data é 2040. Na Holanda e na Noruega, 2025. E assim por diante — vários países europeus já têm definições nesse sentido.
Com todos esses planos em franca expansão (em 2017, houve um aumento de 54% nos registros de carros elétricos na Europa, segundo o Kraftfahrt-Bundesamt, o departamento de transporte do governo alemão), uma das maiores preocupações é com a necessidade de carregadores disponíveis.
Uma das empresas que desenvolve esse produto e apresenta as novidades na Hanover Messe é a Siemens. A marca tem carregadores para diferentes necessidades. O novo modelo para espaços públicos, por exemplo, é um totem, com visual moderno, que informa, por sinalização luminosa no topo, qual o estado da unidade. “A iluminação pode ser vista de longe. Quando está verde, significa que está disponível. A cor azul mostra que está em uso. Já o vermelho é para quando está inoperante”, explica Norbert Vierheilig, da divisão de marketing e comunicação de Smart Infrastructure. Todas as demais informações da operação são apresentadas em uma tela digital para o usuário.
Outra opção é a nova versão da solução residencial da empresa — o eMobility Charging Ecosystem, que substitui o wallbox. A Siemens informa que vai lançar o produto em maio, mas ainda não divulga detalhes sobre as especificações e o preço do produto. Mesmo assim, Vierheilig avalia que, ter essa opção em casa, é bastante conveniente para o usuário.
Já a BMW e a Porsche apresentaram um protótipo de carregador ultrarápido que consegue dar aos carros elétricos uma autonomia de 100 quilômetros com apenas três minutos de carga na tomada. Ou 80% dela em até 15 minutos.
O carregador tem 450 kW e seu uso é grátis para quem mora – ou está passando – pela cidade de Jettingen-Scheppach, na Alemanha. Ele pode ser usado por qualquer veículo que tenha a versão Tipo 2 do sistema de carregamento combinado.
O fato curioso nesse processo é que este novo carregador ultrarrápido oferece mais potência do que os modelos atuais de carros elétricos podem suportar O BMW i3, por exemplo, limita seu consumo de energia a 50 kilowatts. No entanto, a bateria do futuro modelo da marca, o iX3 poderá triplicar essa capacidade para até 150 kilowatts. A notícia ruim é que esta versão só estará disponível em 2020.
Para que os veículos de teste conseguissem aguentar a sobrecarga elétrica, a Porsche usou um sistema de resfriamento que mantém as células da bateria a uma temperatura constante. E isso faz com que se resfrie também os cabos de carregamento. A Siemens proporcionou um carregamento de energia com uma tensão voltagem elétrica mais alta, para testar os limites de carregamento.
Mas, se você tiver um carro elétrico e estiver passando por Jettingen-Scheppach, pode usar o carregador ultrarrápido em questão sem se preocupar se o seu automóvel irá explodir. Isso porque a estação de carregamento adapta automaticamente a quantidade de carga que cada modelo elétrico suporta.
Além da BMW, Tesla e GM também estão desenvolvendo seus carregadores ultrarrápidos A empresa de Elon Musk trabalhou em um modelo que consegue 80% de carga da bateria em meia hora. Já a General Motors trabalha em um modelo que daria uma autonomia de 290 quilômetros em apenas 10 minutos de carga.
Carro elétrico no Brasil
O Brasil ainda não tem metas estabelecidas para essa transição, mas há um projeto de lei do Senado, proposto em 2017, em tramitação para impedir a comercialização e a circulação de automóveis movidos a combustíveis fósseis. O texto sugere que a comercialização pare em 2030 e a circulação seja proibida em 2040.
O material ainda está em tramitação e, desde fevereiro, aguarda designação do relator da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. A considerar que a Alemanha tem essa mesma meta e aprovou sua lei há três anos, o Brasil já está bem atrasado (o conteúdo está em análise há quase dois anos!). Mesmo assim, essa tendência parece irreversível em todo o mundo.
*a jornalista Roseli Andrion viajou para Hanover à convite da Siemens