No final do ano passado, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) foi bastante criticada por dizer que as vendas nos centros comerciais haviam subido 9,5% de 1º a 20 de dezembro. O empresário Tito Bessa Junior, fundador da rede TNG e presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), afirmou à época que a estimativa da Alshop não tinha bases técnicas.
A verdade sobre o desempenho desse segmento do varejo nos últimos meses começa a aparecer nesta segunda-feira, 17, quando a Multiplan divulga seus resultados do quarto trimestre, após o fechamento do mercado. Dona de 19 centros comerciais tradicionais como o Barra Shopping, no Rio de Janeiro, e o Morumbi Shopping, em São Paulo, a empresa é um dos maiores nomes do setor no Brasil.
Pelas contas das analistas do Banco do Brasil Georgia Jorge e Kamila Oliveira, a receita da Multiplan deve ter subido 1,4% no período de outubro a dezembro de 2019 em relação ao mesmo período de 2018, para 353,1 milhões de reais, e o lucro líquido deve ter crescido 2,5%, para 152,5 milhões de reais. O aumento seria resultado de um crescimento de 0,2 ponto percentual na taxa de ocupação dos shoppings administrados pela Multiplan, para 97,7%, da diminuição dos descontos que a empresa vinha dando aos lojistas que alugam espaços nos centros comerciais, e da elevação das receitas com estacionamento. “Esperamos um aumento das vendas especialmente por causa da Black Friday”, escreveram as analistas em relatório a clientes.
O time de análise do setor imobiliário do banco de investimentos Itaú BBA, liderado por Enrico Trotta, também observa que a Black Friday, grande liquidação da última semana de novembro, que aos poucos vem ganhando força no Brasil depois de décadas marcando o início das festas de final de ano nos Estados Unidos, tem esvaziado o Natal. “A liberação dos recursos do FGTS [fundo de garantia] pode ter tido um impacto positivo em dezembro, embora de forma geral esperemos um mês mais fraco para as administradoras de shopping center listadas em bolsa”, escreveu a equipe em relatório para clientes.
A JHSF, que administra shoppings de luxo como o Cidade Jardim, na capital paulista, informou na quinta-feira passada que as receitas dos seus centros comerciais cresceram 7,4%, para 45,4 milhões de reais, no quarto trimestre de 2019, com alta de 42,9% na geração de caixa no mesmo período, a 282,2 milhões de reais. Mas o mundo dos ricos é uma realidade à parte. Mas são os números das administradoras de shoppings mais voltados à classe média que ajudarão a medir o pulso da economia brasileira. Amanhã, é a vez de a Iguatemi divulgar seus resultados do quarto trimestre de 2019. A brMalls publica o balanço em 12 de março.
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