O asteroide e os dinossauros: a dupla que revelou o maior mistério da pré-história

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O asteroide e os dinossauros: a dupla que revelou o maior mistério da pré-história
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Uma das maiores e mais incríveis criaturas que já habitaram nosso planeta são, sem dúvida, os dinossauros. Desde a descoberta dos primeiros fósseis, eles conquistaram o interesse e o fascínio de todos, e até o início dos anos 80, ninguém sabia ao certo como, de uma hora para outra, eles simplesmente desapareceram da face da Terra, há cerca de 65 milhões de anos. Se hoje, podemos afirmar que o responsável pela extinção dos dinossauros e de grande parte das espécies daquela época foi o impacto de um grande asteroide, é graças a uma dupla de pai e filho: Luis e Walter Alvarez.

No mês do Asteroid Day, quando refletimos sobre o impacto dos asteroides e suas consequências para o nosso planeta, vale a pena lembrar dessa dupla que nos trouxe a compreensão clara e assustadora daquele episódio que, em questão de minutos, mudou para sempre a história da vida na Terra. 

Luis Alvarez foi um brilhante físico nascido em 1911 nos Estados Unidos. Ele contribuiu com os radares na Segunda Guerra Mundial, trabalhou no Projeto Manhattan e, em 1968, ganhou o Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas em partículas subatômicas. Seu filho Walter, por outro lado, seguiu uma trilha diferente: a da geologia. Enquanto o pai investigava o invisível no mundo das partículas, o filho escavava as camadas do passado geológico da Terra, tentando entender a sucessão de eventos que moldaram o planeta ao longo de bilhões de anos. Dois mundos distintos, mas que se uniriam em uma das investigações científicas mais impactantes do século XX.

[ Esquerda: Luis Alvarez celebrando a conquista do Nobel de Física em 1968 – Créditos: Governo dos Estados Unidos / Laboratório Lawrence Berkeley | Direita: Walter Alvarez apresentando uma palestra na Universidade da Califórnia – Créditos: Bill Crow ]

Na década de 1970, ainda era um mistério o que teria causado a extinção dos dinossauros, cerca de 65 milhões de anos atrás. Havia muitas teorias: mudanças climáticas abruptas, erupções vulcânicas intensas na Índia, doenças, e até uma diarréia coletiva… Mas nada parecia explicar com precisão a súbita extinção em massa registrada no fim do período Cretáceo. Foi nesse contexto que Walter Alvarez, estudando rochas sedimentares na região de Gubbio, na Itália, percebeu algo peculiar: uma camada muito fina de argila, datada exatamente da transição entre os períodos geológicos do Cretáceo e do Paleógeno, e que apresentava uma concentração anormal de irídio.

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Intrigado com aquele irídio, Walter levou a descoberta ao pai. Acontece que o irídio é um elemento químico muito difícil de se encontrar na crosta terrestre. Por ser um metal raro e pesado ele migrou para o núcleo do planeta no momento da formação da Terra. Mas sabe onde o Irídio é mais abundante: nos meteoritos. Isso levou, Luis Alvarez, com seu olhar de físico experimental, a enxergar uma hipótese extraordinária: e se aquele irídio tivesse vindo do espaço? E se, na verdade, o planeta tivesse sido atingido por um asteroide tão gigantesco que lançou uma nuvem global de poeira e metais, capaz de bloquear o Sol, interromper a fotossíntese e desencadear um colapso nas bases que sustentavam a vida na Terra?

Os dois começaram a fazer cálculos. Estimaram que seria necessário um asteroide com cerca de 10 quilômetros para espalhar, por todo o planeta, a quantidade de irídio encontrada naquela camada. Um corpo desse tamanho, ao colidir com a Terra, liberaria energia equivalente a bilhões de bombas atômicas. E assim nasceu a hipótese do Grande Impacto — uma ideia ousada, que unia geologia, física e muita intuição científica.

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[ Representação artística do impacto de um asteroide na superfície da Terra no fim do período geológico do Cretáceo – Créditos: Donald E. Davis ]

Mas como toda ideia revolucionária, a teoria enfrentou resistência. Muitos especialistas consideravam absurdo creditar a extinção dos dinossauros a um evento tão súbito e “exótico”. Parecia mais palatável imaginar longos períodos de mudança, processos graduais, não um cataclismo cinematográfico. Só que, com o tempo, as evidências começaram a se acumular.

Nos anos seguintes, geólogos encontraram a mesma camada rica em irídio em diversas partes do mundo. Depois vieram os depósitos de quartzo chocado — um tipo de cristal deformado por pressões intensas, típico de impactos meteóricos. E, finalmente, a cereja do bolo: a identificação da cratera de Chicxulub, na península de Yucatán, no México. Uma estrutura com mais de 180 quilômetros de diâmetro, enterrada sob as camadas geológicas, datada exatamente do final do Cretáceo. Um impacto daquela magnitude teria causado terremotos capazes de desencadear, do outro lado do globo, as intensas erupções vulcânicas na Índia, além de megatsunamis e incêndios devastadores, seguidos de um inverno global provocado pela poeira que cobriu o planeta por vários anos.

Com tantas peças encaixando no quebra-cabeça, a comunidade científica foi, aos poucos, aceitando a hipótese. Hoje, ela é amplamente reconhecida como a explicação mais plausível para o rebaixamento dos dinossauros — e para a ascensão dos mamíferos, incluindo alguns que evoluíram para uma espécie que desenvolveu a capacidade de refletir sobre o futuro e buscar respostas sobre o passado. 

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[ Cratera de Chicxulub, com 180 km de diâmetro formada cerca de 65 milhões de anos atrás na Península de Yucatán, no México. Ao redor da depressão da cratera numerosas dolinas sugerem a existência de uma bacia oceânica pré-histórica na depressão produzida pelo impacto – Créditos: NASA/JPL-Caltech ]

Mas as consequências dessa descoberta foram além da paleontologia. A teoria dos Alvarez mudou a forma como percebemos a própria fragilidade da vida na Terra. Se um único objeto vindo do espaço foi capaz de desencadear tamanha devastação, o que nos impede de sofrer algo semelhante no futuro? Essa nova consciência foi fundamental para o surgimento dos programas de monitoramento de asteroides próximos da Terra, os NEOs. O Asteroid Day, que celebramos todo 30 de junho, nasceu também desse despertar científico.

Algo que também refletitiu na cultura pop. Filmes como ArmageddonImpacto Profundo, e até o recente Não Olhe Para Cima são herdeiros diretos da teoria do impacto. É claro que Hollywood exagera um pouco… ou talvez muito… mas se hoje compreendemos que os impactos cósmicos ajudam a modelar a geologia e a biologia do planeta, é porque Luis e Walter Alvarez transformaram um mistério intrigante em uma explicação científica poderosa e fascinante.

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[ Luis Alvarez (à esquerda) e Walter Alvarez (à direita) em frente ao afloramento do limite K-Pg (faixa esbranquiçada) em Gubbio, na Itália – Créditos: Governo dos Estados Unidos / Laboratório Lawrence Berkeley ]

Entender os eventos do passado é fundamental para nos prepararmos para o futuro. Por isso, tanto o pai quanto o filho são figuras fundamentais para a ciência e para a proteção do nosso planeta. Luis e Walter Alvarez enxergaram, na rigidez da rocha, um retrato preciso do evento que mudou a história da vida na Terra. E é por isso que, ao contrário dos dinossauros, a humanidade tem hoje a oportunidade de evitar uma catástrofe como aquela de 65 milhões de anos atrás. Precisamos seguir vigiando o céu e estudando os asteroides que nos cercam, para que, mesmo num futuro distante, sejamos nós mesmos a contar a nossa própria história.—

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