O artilheiro natural e o abandono precoce da bola | Blog do Garone

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tiago-reis-comemora-magalhaes-jr-photopress O artilheiro natural e o abandono precoce da bola | Blog do Garone

Tiago Reis fez o gol da classificação (Foto: Magalhães Jr/Vasco)

Há quem pense que artilheiro é aquele que nunca perde gols, que volve redes de uma maneira infalível, com o aproveitamento impecável de uma maquina. Não é verdade. O que diferencia o goleador dos comuns é que, independente das chances desperdiçadas, invariavelmente, ele guarda o seu.

Artilheiro é aquele que decide em dias ruins. Nos bons, qualquer caneludo pode se tornar herói.

Isso porque, além de qualidade na finalização, ele carrega consigo o mérito do bom deslocamento, colocando-se constantemente em uma boa posição para marcar. É o faro natural que nem todos tem. O artilheiro não vive da dependência de uma bola fortuita ou de um pênalti acidental, ele se posta, se prepara o tempo todo para decidir. E assim, repetidas vezes, o faz.

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Tiago Reis, cada vez mais, confirma as teses sobre si. Contra o Bangu, nesta quarta-feira, o centroavante chegou à marca de três gols em cinco jogos como profissional, igualando os inícios de Walfrido, o Espanador da Lua, em 67, Sorato, em 88, Valdir, em 92, e Cadu, em 2002 – falarei mais sobre isso no próximo post.

Nos últimos 50 anos de Vasco, nenhum outro atacante criado na casa vascaína marcou mais vezes em seus cinco primeiros jogos que estes cinco. Nem mesmo ícones como Roberto Dinamite, Romário e Edmundo. Números que não garantem sucesso no futuro – nem insucesso, como os exemplos provam -, mas que mostra o quão impressionante é o seu início.

Assim como também foi bom o início do Vasco.

Com 5 minutos a torcida vascaína já vaiava a troca de passes banguense, algo que não é comum em duelos entre grandes e pequenos. Há, normalmente, uma fidalguia, uma simpatia pelo adversário historicamente mais modesto, e que costumeiramente incomoda pouco. Era, desde já, sinal dos méritos do Bangu na temporada. Respeito.

Se não dá para dizer, obviamente, que é um Bangu como o das décadas de 30 e 60, campeão carioca, ou dos anos 80, vice brasileiro, dá ao menos para afirmar que, nesse Carioca, tem sido da altura de suas tradições. Ou se esforçado pra isso.

Um Bangu com a cara do Vasco de Valentim nos clássicos, de marcação prioritariamente baixa – com pressões esporádicas no ataque – e transições rápidas usando a velocidade de seus bons ‘externos’ – muitas vezes ‘desequilibrantes’ – Jairinho e Yaya. Além de incomodar no jogo aéreo, que já havia funcionado contra o Flamengo.

O Cruzmaltino, por sua vez, apesar de precisar da vitória – o Bangu jogava pelo empate -, foi mais paciente do que no 2º tempo do duelo na Colina, sem o afoitamento que a óbvia troca de um volante por um meia de criação tem trazido ao time, que ainda não encaixou defensivamente com esse esquema.

Bruno César quase abriu o placar num chute que, se não fosse a ótima defesa do bom goleiro Jefferson Paulino, rasgaria as redes como se fosse feita de papel crepom, tamanha a violência da batida. Fernando Miguel devolveu o milagre quase em seguida, numa finalização nada santa da canhota de Yaya, do meio da rua, de primeira.

Rossi e Marrony trocaram a solidão das pontas pelas jogadas mais centralizadas, se aproximando do camisa 10 e pisando na área para finalizar, abrindo espaço para as subidas dos laterais. Funcionou. Só não funcionou melhor que as defesas de Jefferson. Bruno César acertou quatro de suas cinco tentativas, todas elas paradas de forma espetacular pelo goleiro alvirrubro.

A velocidade banguense ainda quase abriu o placar no último instante do primeiro tempo, mas Jairinho, ótimo no 1 contra 1, falhou no 4 contra 2 ao não aproveitar a superioridade e finalizar da entrada da área para outra boa defesa do arqueiro cruzmaltino. Erro comum de um jovem de 22 anos que sonha em se consagrar sobre um grande no ano em que é uma das revelações do campeonato.

Faltava, porém, o gol. E o que não faltava, era um artilheiro.

Tiago errava demais até acertar o gol – quatro passes de oito. E exatamente por isso, como já dito aqui, é tão letal. Não há goleador mais perigoso do que aquele que, vez ou outra, parece inofensivo. É esse que sobe livre no meio da área quando deveria estar recebendo marcação dupla. Um a zero.

A vantagem no Vasco, no entanto, tem sido uma praga, por mais estranha que pareça a frase.

O jogo controlado até então, quando atingiu o placar que interessava ao Cruzmaltino, mudou. Excessivamente recuado, a equipe de Alberto Valentim passou 15 minutos acuado pelo Bangu em seu campo de defesa, marcando mais embaixo que meia de compressão. O time que chegou a ter quase 70% de posse em alguns momentos, passou a ter menos de 45% na reta final, convidando o Alvirrubro a ocupar um espaço que até então não era seu.

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Vasco dominou a posse até os últimos 15 minutos (Fonte: Footstats)

O time vascaíno, que até então fazia boa partida, abdicou de jogar quando mais precisava ter a posse. No momento em que o toque de bola seria uma arma segura, sem a obrigação de subir seus zagueiros e volantes para criar – como tem feito -, já que o resultado lhe favorecia, a equipe preferiu encostar nas cordas e aguardar o gongo, lançando alguns cruzados perigosos, é verdade, porém, mal aproveitados por Pikachu e Galhardo, que entraram exatamente para definir no contra-ataque.

Um risco, pelo recuo e pelo abandono da bola, desnecessário, e que não significou maior marcação. Muito pelo contrário, apenas mais perigo.

Uma postura que certamente não foi decisiva para a vitória, construída toda na imposição do time, dono das ações durante 75 minutos, e que desagradou o torcedor. Uma mudança de comportamento que não impediu o triunfo sobre o Bangu, mas que pode cobrar seu preço em outros momentos, como já o fez em outras partidas da temporada.

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