São Paulo – Se há um consenso entre os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul é que o governo federal precisa dialogar mais tanto com a sociedade civil quanto com os chefes dos estados. “Nunca vi governar por WhatsApp. Eu conheço outra forma de administrar: por meio do diálogo”, disse João Dória, governador de São Paulo, durante evento do BTG Pactual (controlador de EXAME).
O puxão de orelha do trio tem a ver com as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que recentemente disse que zeraria os impostos federais sobre combustíveis se os governadores abrissem mão do ICMS sobre os produtos. Em resposta, 20 governadores assinaram uma carta aberta em que o criticam por fazer declarações que “não contribuem para a evolução da democracia no Brasil”.
Doria nega que o custo do combustível tenha relação com os governadores. “Quem determina preço do combustível é o governo federal, é a Petrobras e não os governos estaduais. A narrativa não é verdadeira. Não queremos estabelecer confronto, ficar discutindo por redes sociais. O Brasil precisa de entendimento, se não tivermos entendimento, o Brasil não prospera” disse Doria.
A carta, divulgada na segunda-feira (17), também traz os recentes comentários do presidente sobre a investigação em curso do assassinato da vereadora Marielle Franco, em que Bolsonaro, segundo o documento, se antecipa “a investigações policiais para atribuir fatos graves à conduta das polícias e de seus governadores”.
Segundo Doria, Bolsonaro foi convidado a comparecer ao fórum de governadores, em Foz do Iguaçu, dentro de duas semanas. “Mesmo os governadores que não assinaram a carta, imagino, estão abertos ao diálogo. O que nós desejamos é diálogo, entendimento e respeito à democracia. Não se pode governar pelas redes sociais”, afirmou.
Até o momento, Jair Bolsonaro não convidou os governadores para discutir o ICMS sobre os combustíveis, de acordo com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. “Esse diálogo está se dando apenas pelas redes sociais e imprensa”, disse.
O governador gaúcho também criticou o discurso do presidente sobre a atuação da polícia baiana. “Não tenho motivo para desconfiar da atuação. Se há alguma desconfiança, o interesse do todo o Brasil é de que isso seja trabalhado objetivamente, não por um simples desafio a governadores ou por uma instabilidade na relação harmônica que deveria ter entre governadores e presidente da República”, afirmou.
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