Cientistas e astrônomos da National Aeronautics and Space Administration (Nasa) planejam instalar telescópios lunares capazes de enxergar o universo mais de 13 bilhões de anos atrás, quando só existiam gases provenientes do Big Bang. Os observadores devem ser instalados já nos próximos anos e, atualmente, dois projetos estão em estudo: o Lunar Crater Radio Telescope (LCRT) e o Farside Array for Radio Science Investigations of the Dark Ages and Exoplanets (FARSIDE).
Os dois projetos compartilham o mesmo objetivo, apesar das diferenças: ser o primeiro telescópio instalado na Lua – precisamente, em seu lado escuro. Com missões marcadas para lá nos próximos anos, a agência quer aproveitar as viagens para levar os equipamentos necessários para a construção dos observatórios.
“Essa ideia existe desde o início das missões tripuladas à Lua, em 1960”, afirmou, em entrevista, Saptarshi Bandyopadhyay, técnico de robótica do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia, nos Estados Unidos (EUA). “Só agora temos a tecnologia robótica para fazer isso e muito mais barato do que nunca – e temos muitas novas missões lunares planejadas”.
As futuras missões lunares, como a missão Artemis, incluem uma série de rovers e landers que ajudarão a preparar a Nasa e o satélite natural da Terra para visitas humanas novamente, além da entrega de equipamentos científicos, como os telescópios. A agência ainda não recebeu o financiamento que solicitou ao Congresso estadunidense, mas a meta é levar pessoas – entre elas, a primeira mulher – à Lua em 2024.
De acordo com Bandyopadhyay, construir um telescópio em uma cratera lunar será mais simples do que fabricar uma estrutura semelhante no nosso planeta – isso, claro, quando o financiamento estiver disponível. “Suspender algo na Lua é significativamente mais fácil porque a Lua tem 1/6 da gravidade da Terra”, explicou.
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Saiba mais sobre os telescópios lunares da Nasa:
- Lunar Crater Radio Telescope (LCTR)
O LCTR transformaria uma cratera lunar com cerca de 1 km em um observatório, construindo um receptor e estendendo uma tela metálica ao longo das paredes do buraco. Os cientistas da Nasas propõem o uso de robôs ou rovers para implantar as tecnologias, e pesquisas apontam que os componentes podem ser transportados para a Lua em apenas uma única missão. O projeto já recebeu US$ 500 mil (aproximadamente R$ 2 bilhões e 683 mil) para estudos adicionais.
- Farside Array for Radio Science Investigations of the Dark Ages and Exoplanets (FARSIDE)
O projeto com um extenso nome – que em português quer dizer algo como “Investigações de Radiociência da Idade das Trevas e Exoplanetas no lado distante” – planeja estender fios e sensores por uma enorme área de quase 10 km no lado escuro da Lua. A ideia também inclui a utillização de robôs.
Fato curioso: “Idade das Trevas”, neste caso, se refere ao período astronômico em que não existiam estrelas – algo entre 400 mil anos depois da explosão Big Bang.
Até agora, a Nasa não decidiu qual dos dois observatórios lunares irá à Lua, ou se ambos seriam necessários. Ainda na mesma entrevista, Jack Burns, principal investigador do FARSIDE e professor de astrofísica na Universidade de Colorado em Boulder, nos EUA, acredita que ambas as propostas poderiam ser realizadas com “meros milhões de dólares”, em comparação com os bilhões que esses telescópios poderiam custar aqui na Terra.
Ainda segundo Burns, um radiotelescópio no “lado escuro da lua” ficaria tão isolado da luz e da radiação da Terra que poderia captar ondas de rádio de baixa frequência que sobraram do “amanhecer do universo”.
Atualmente, há um espectrômetro – que tem como objetivo estudar como a luz solar carrega a leve atmosfera lunar – já construído e pronto para chegar ao lado escuro da Lua. O lançamento previsto do Radiowave Observations at the Lunar Surface of the photoElectron Sheath (ROLSES) está para o início de 2022.
Fonte: Moon Daily
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