O açúcar é parte fundamental da alimentação humana há séculos, mas também está no centro de debates sobre saúde pública. Cada grama do tipo comum tem cerca de 4 calorias, e seu consumo em excesso está diretamente relacionado a doenças como obesidade, diabetes tipo 2, resistência à insulina, hipertensão e até problemas cardíacos.
Por isso, pesquisadores do mundo todo estão em busca de alternativas que mantenham o sabor doce sem os efeitos nocivos das calorias.
Uma das histórias mais curiosas tem a ver com a NASA, que teria desenvolvido, ou viabilizado por meio de tecnologias associadas a seu programa espacial, um açúcar sem calorias. A ideia parecia revolucionária, mantendo as características do açúcar tradicional, incluindo sabor e textura, mas sem o impacto calórico e metabólico.
O produto, conhecido como tagatose, surgiu em pesquisas financiadas e impulsionadas pelo programa de transferência de tecnologia da agência, o Spinoff.
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A iniciativa tem como objetivo adaptar descobertas feitas para o espaço a aplicações do dia a dia, e já foi responsável por inovações em setores como saúde, engenharia e alimentos. Porém, se esse açúcar realmente existiu e foi considerado seguro, por que nunca chegou nas prateleiras dos supermercados? Descubra tudo na matéria a seguir.
Por que a NASA criou o açúcar sem calorias?
O açúcar comum, como a sacarose, é rapidamente quebrado pelo organismo em glicose e frutose, que entram na corrente sanguínea e fornecem energia rápida para o funcionamento das células. Esse fornecimento rápido de calorias é útil em situações de esforço físico intenso, mas no dia a dia, quando o gasto energético não é proporcional, o excesso de glicose é transformado em gordura e armazenado.
Esse é um dos motivos que fazem o açúcar ser considerado um vilão moderno, pois apesar de ser prazeroso ao paladar, seu consumo em excesso está fortemente ligado ao aumento de peso e às doenças metabólicas.
Em tempos antigos, alimentos açucarados eram raros e forneciam energia imediata, aumentando as chances de sobrevivência, o que fazia sentido na época. Mas hoje, vivemos em um cenário com grande quantidade de açúcares refinados, que estão presentes em doces e sobremesas, alimentos ultraprocessados, bebidas, molhos e até produtos salgados.
Isso criou um desequilíbrio entre o que o corpo está preparado para receber e o que de fato consome diariamente. A Organização Mundial da Saúde recomenda que os açúcares livres não ultrapassem 10% das calorias diárias, mas a média de consumo global costuma exceder esse valor.
Por conta dessa preocupação crescente, surgiu um alto interesse por alternativas ao açúcar tradicional. Em seus programas de pesquisa, a NASA estudava substâncias capazes de substituir o açúcar sem trazer os mesmos efeitos calóricos.
Entre os compostos analisados estava o tagatose, um açúcar raro encontrado em pequenas quantidades em alguns laticínios e frutas. O tagatose pareceia ser a solução perfeita, por ter um sabor semelhante ao da sacarose e um poder adoçante próximo de 90% em relação ao açúcar comum.
Assim, ele adoça de forma bem semelhante ao açúcar, mas com apenas cerca de 1,5 calorias por grama, muito menos do que as 4 calorias da sacarose.
O desenvolvimento do tagatose surgiu como parte de pesquisas de biotecnologia associadas ao programa espacial, já que substâncias estáveis, seguras e de baixo impacto metabólico são úteis em missões de longa duração.
A molécula é um isômero da galactose e passa pelo organismo de forma diferente do açúcar comum, sendo que apenas cerca de 20% é absorvido no intestino delgado e metabolizado pelo corpo, enquanto o restante segue para o cólon, onde pode ser fermentado pelas bactérias intestinais.
Isso explica por que sua carga calórica é tão baixa e por que ele tem um efeito glicêmico reduzido, sendo considerado promissor para pessoas com diabetes.
Comparado à sacarose, o tagatose tem vantagens adicionais, pois além de não causar picos de glicose no sangue, ele não contribui para o desenvolvimento de cáries, já que não serve de alimento para as bactérias que atacam os dentes.
Estudos também mostram que ele pode até mesmo estimular o crescimento de bactérias benéficas no intestino, funcionando como um prebiótico. Essas características, em teoria, poderiam colocar o tagatose como um substituto muito mais saudável do que adoçantes artificiais de alta intensidade, como aspartame ou sucralose, que não agregam textura nem funções culinárias semelhantes às do açúcar.
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Por que o tagatose nunca chegou ao mercado?
O primeiro obstáculo foi o custo de produção, porque produzir tagatose em escala industrial exige processos complexos de conversão enzimática a partir da lactose. Apesar dos avanços biotecnológicos, esse processo ainda era caro e não conseguia competir com o preço baixíssimo do açúcar refinado.
Enquanto o açúcar comum pode ser produzido em toneladas a partir da cana ou da beterraba a custos muito baixos, o tagatose dependia de processos sofisticados que deixavam o produto final mais caro, tornando-o inviável para uso em massa na indústria.
Outro ponto importante foi a aceitação regulatória, já que para ser comercializado globalmente, qualquer novo ingrediente alimentar precisa passar por extensos testes de segurança em diferentes países. Mesmo que o tagatose tenha sido aprovado pelo FDA (EUA) e também reconhecido como seguro por entidades na Europa, o processo de aprovação levou tempo e limitou seu avanço.
Além disso, apareceram relatos de efeitos colaterais digestivos, como gases e desconforto abdominal, quando consumido em grandes quantidades, uma consequência do fato de boa parte da substância não ser absorvida e acabar fermentada no intestino.
O mercado também teve um peso decisivo, pois quando o tagatose começou a ser testado comercialmente, outros adoçantes já dominavam o setor. A sucralose, aprovada em 1998, e a stevia, popularizada nos anos 2000, já ocupavam espaço como alternativas ao açúcar.
Esses produtos, mais baratos e disponíveis, acabaram ganhando preferência da indústria e dos consumidores. Assim, mesmo com vantagens nutricionais, o tagatose não conseguiu competir em escala com esses concorrentes.
E, para fechar, a percepção pública também influencia, sendo que muitos consumidores ainda enxergam com desconfiança adoçantes derivados de processos biotecnológicos, preferindo opções “naturais” como stevia ou mel.
Essa barreira cultural dificultou ainda mais a expansão do tagatose, enquanto novas tendências de alimentação, como a busca por reduzir adoçantes em geral, também diminuíram o espaço para ele.
Ainda que existam nichos nos quais o tagatose ainda é estudado e utilizado, ele não conseguiu superar as barreiras impostas por custos altos e concorrência. Então, mesmo com apoio de tecnologias avançadas e potencial reconhecido, transformar uma inovação científica em produto acessível para milhões de pessoas é um processo complexo e com muitos obstáculos.
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