“Não vou parar por aqui”, diz Maurício de Sousa

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São Paulo – Maurício de Sousa é incansável. No ano em que seu escritório completa 60 anos de funcionamento e enquanto se prepara para deixar a sua empresa, a Maurício de Sousa Produções, na mão dos filhos, o criador da “Turma da Mônica” anuncia a internacionalização dos amigos do bairro do Limoeiro: Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão, entre outros. “Não vou parar por aqui”, disse durante lançamento da série “Bios”, que conta a sua trajetória e é produzida pelo canal National Geographic.

A filha do cartunista e diretora executiva de seu escritório, Mônica Sousa, reconhece que esse passo rumo ao exterior chega um pouco atrasado, mas é incentivado principalmente pelos vídeos da animação em 2D Monica Toy, voltada para jovens e adultos. “Já temos 10 milhões de inscritos em nosso canal no YouTube, e 40% das visualizações das histórias vêm do exterior”. Maurício completa. “Geralmente são vídeos de 30 segundos, mas até de um minuto já fizemos. As animações não têm idioma, então dá para enviar para o mundo todo”.

O sucesso foi tanto que a série já se desdobrou em outra, a “Biduzidos”. Assim como a Mônica Toy, ela é muda e tem os mesmos traços, mas nela as estrelas são os bichos de estimação da turma: os cães Bidu e Floquinho, o porquinho Chovinista, o gatinho Mingau e a galinha Giselda. “A ideia é divulgá-la em outros países também”, diz Mônica, que inspirou a protagonista dos quadrinhos de seu pai.

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Outros planos para internacionalizar a marca é levar os gibis para mercados como o México e o Canadá.

Meio artista, meio empresário

O documentário “Bios: vidas que marcam a sua” com Maurício de Sousa estreia no dia 13 de abril às 21h e poderá ser visualizado tanto pelo canal de TV da NatGeo quanto pelo aplicativo. Ela é apresentada pelo humorista Fábio Porchat, que não esconde ser antigo fã dos quadrinhos do cartunista.

O foco é a vida pessoal de Maurício: sua rotina atual, a infância em Mogi da Cruzes, no interior de São Paulo; e também questões familiares, além do início de sua trajetória profissional.

Um episódio que chama a atenção é a influência do pai de Maurício, um escritor e radialista que começou incentivando-o a pintar e posteriormente sempre o apoiou na sua escolha pelo desenho e os quadrinhos.

É o depoimento de sua filha Mônica que talvez aponte um dos segredos do sucesso de Maurício como empresário. “Meu avô era muito inteligente, mas não lidava bem com as finanças e quebrou várias vezes. Ele ensinou meu pai a ser meio período artista e meio período empresário”.

Ao se mudar para a capital, no fim da década de 50, Maurício atuou como copy-desk e repórter policial na Folha de São Paulo, após ouvir que seus desenhos tinham de ser “mais caprichados”.

O “não” não impediu o cartunista de, aos poucos, “quando as fotos das matérias não eram boas”, ir preenchendo os jornais com suas tirinhas. O primeiro personagem, o cachorro azul Bidu, nasceu junto com sua primeira filha, Maria Luisa. Ele é baseado no cachorro que o cartunista tinha em Mogi. Logo a “Turma da Mônica” se formou, sempre bastante inspirada em seus filhos, mas também em amigos de seus irmãos.

Com o sucesso das tiras na última página do jornal, Maurício apostou e montou uma equipe de desenhistas em seu pequeno apartamento na cidade. Muitos deles o acompanham até hoje. No começo ele mesmo distribuía os quadrinhos em cidades próximas à capital.

Sucessão e volta por cima

Outro assunto abordado na série é a sucessão do escritório de quadrinhos, que detém a marca da Turma da Mônica e direitos sobre mais de 300 personagens. Eles estão presentes, além dos gibis, nas mais diversas categorias de produtos: alimentos, brinquedos, itens decorativos, materiais escolares, livros e até pet shops.

Maurício já sinalizou a preocupação em preparar os nove filhos para assumir a empresa. A ideia, ainda não formalizada pelo cartunista, é que a filosofia e sua marca sejam preservadas, diz Mônica. “O importante é não deixar a questão financeira tomar conta da empresa. É um escritório criativo, que não funciona de forma matemática”.

Nem só de glórias vive o gênio dos quadrinhos. A série também se preocupa em apontar seus fracassos, como o fechamento do “Parque Turma da Mônica” no Shopping Eldorado, na capital, e posteriormente no Rio de Janeiro e Curitiba.  “Meu pai sempre sonhou com um lugar no qual as crianças pudessem brincar em movimento, sem muito eletrônicos. Os encerramentos dos contratos nos forçaram a comprar direitos dos parques por um preço alto. Pagamos essa dívida até hoje”, conta Mônica.

Mas a frustração e o prejuízo não impediu Maurício de procurar um jeito de reabrir o parque, e seu sonho, em outro lugar. O processo durou cinco anos. Reaberto no shopping SP Market, o novo parque de diversões já é hoje maior do que o primeiro e está em expansão. “Quem fica parado é poste”, resume Maurício em um de seus depoimentos no filme, do alto de seus 83 anos.

 





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