Nunca nos 24 anos do festival “É tudo verdade”, que começa terça, no Rio, houve tantos filmes sobre mulheres. Nem tantas delas atrás das câmeras.
— Não me lembro de uma presença feminina tão forte como nesta edição — diz o diretor do evento, Amir Labaki. — E não é uma onda passageira, mas uma realidade que vem se solidificando.
Dos 51 filmes inscritos, 17 são de diretoras. É o caso do longa sobre a cineasta francesa Marceline Loridan-Ivens, sobrevivente de Auschwitz, dirigido por Cordelia Dvorak, e de “Hoje e não amanhã, de Josefina Morandé, que reconstrói a história do movimento Mulheres pela Vida, formado em 1983 no Chile. Esse número não inclui os docs dirigidos por homens, que falam sobre elas. São histórias como a de Maria Luiza da Silva, a primeira transexual da história das Forças Armadas brasileiras. Ou a de Milú Villela, nascida na alta sociedade paulistana, que criou redes em prol da educação, das artes e da filantropia.
Há ainda o retrato da defensora israelense Lea Tsemel, que defende palestinos há cinco décadas e já foi chamada de “advogada do diabo”. As 26 mulheres que participaram da Constituição de 1988 e levantaram bandeiras para garantir a igualdade de gêneros também viraram tema de filme. Inspiração não falta.