‘Milicianos são donos de tudo’, diz ex-moradora de condomínio onde prédios desabaram na Muzema

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RIO –  Uma antiga moradora do condomínio Figueira do Itanhangá,, na Muzema, Zona Oeste do Rio, onde dois prédios desabaram na manhã desta sexta-feira, relata que a invasão de milicianos no condomínio ocorreu há pouco mais de dois anos.

Dona de uma casa no local, ela diz que comprou o terreno em 2008, mas só passou a morar lá em 2017, quando sua casa ficou pronta. Um ano depois, com a presença de um grupo paramilitar, ela viu-se obrigada a pagar uma taxa de R$ 100 todo mês, uma espécie de condomínio.

– A relação com eles é péssima, né? Eles são donos de tudo. Tem morador que é revistado para poder entrar no condomínio. Antigamente, aqui era um condomínio em que as pessoas compravam o terreno para fazer casas. Mas, desde que eles chegaram, começaram a fazer vários prédios. De um ano para cá, foi uma explosão de construções – relata.

Segundo ela, o nome do condomínio vem de uma figueira que ficava na rua de entrada do condomínio e foi cortada por milicianos para a construção de um prédio.

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Uma placa na entrada do condomínio informa que a cobrança de uma taxa dos moradores se tornou obrigatória desde janeiro 2018. O pagamento precisa ser feito até o dia 10, com multa diária de R$ 1 por atraso. O valor é de R$ 60 para apartamentos e R$ 100 para casas. O pagamento é feito na Associação de Moradores da Muzema, localizada na Avenida Engenheiro Souza Filho 574.

Nem mesmo a presença de equipes de resgate impediu a movimentação de milicianos. Enquanto a reportagem do GLOBO conversava com moradores locais, homens que seriam olheiros da milícia passaram de moto observando a movimentação.

– Tem que tomar cuidado porque os olheiros estão passando. Eu não posso falar muito – alerta outra moradora.

Uma terceira moradora diz que, além da taxa, paga R$ 60 pela TV a cabo. Com medo, ela evita ser vista conversando com jornalistas:

– Tudo aqui tem que pagar para eles. Eles observam tudo e dizem que, se não fizermos nada de errado, como roubar, não vai nos acontecer nada.

Após o acidente, há quem lamente a falta de controle nas construções.

– Aqui não tem lei. A prefeitura não quer saber – resume um morador.



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