Mesmo com rentabilidade alta, juros longos afastam investidores do Brasil

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Em meio a uma taxa Selic com baixas históricas, um índice chama a atenção: os juros a longo prazo, também conhecidos como taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (taxa DI). Apesar de discreta, essa taxa é muito importante não só porque influencia diretamente o custo dos empréstimos bancários, mas principalmente por diagnosticar o risco que o mercado está projetando para o Ppaís. Enquanto a taxa de juros básica brasileira está hoje em 2,25%, o DI está distante: em 6,06% para abril de 2025 e em 6,80% para 2027. Isso significa que a confiança no País a longo prazo é baixa, principalmente porque ela está significativamente acima da taxa Selic. “Ela [a DI] representa um dos maiores riscos existentes hoje na economia brasileira. Um deles, que piorou bastante, é o risco fiscal”, explica Fernando Gonçalves, Superintendente de Pesquisa Econômica do Itaú Unibanco.

Taxas de longo prazo altas costumam deixar os ativos mais atraentes para os investidores dispostos a tomar riscos, mas, mesmo com o retorno no longo prazo acima de 5% a partir de 2024, os investimentos estão saindo em massa do Brasil, justamente por causa das baixas perspectivas de recuperação. “A preferência do investidor tem sido tirar dinheiro do país. Os fluxos estão indo para regiões mais seguras, como os Estados Unidos”, disse Gonçalves. Os juros americanos estão baixos, entre 0 e 0,25%, o que significa baixa rentabilidade para o investidor, mas a solidez da economia americana acaba atraindo mais investimentos.

O aumento do déficit fiscal de um país, ou seja, a diferença entre os seus gastos e a sua arrecadação, é um dos principais termômetros do seu risco. Quanto mais desproporcionais são os gastos em relação aos ganhos, maior é o risco, principalmente quando se trata de uma nação emergente, como é o caso do Brasil. Desde o término dos governos petistas, que adotaram uma política fiscal irresponsável cujas consequências são colhidas até hoje, as equipes econômicas vêm tentando equilibrar a balança por meio do corte dos gastos públicos e do aumento da arrecadação via reformas fiscais. A reforma da Previdência, por exemplo, permitiu ao País uma economia de 855,7 bilhões de reais nos próximos 10 anos, de acordo com o Ministério da Economia. Porém,  especialistas do mercado são unânimes quanto à necessidade de se aprovar mais medidas para equilibrar essa balança.

“O mais importante para o país voltar a crescer é prosseguir na agenda de reformas, em particular as que garantam um ajuste fiscal de médio prazo e que melhorem o ambiente de negócios, a produtividade e a infraestrutura”, diz Fernando Honorato Barbosa, economista-chefe do Bradesco. Se a agenda reformista era importante antes, com a pandemia ela ganhou contornos ainda mais urgentes. Com a Covid-19, a lenta recuperação do ajuste fiscal brasileiro sofreu uma interrupção abrupta. A crise sanitária levou a um aumento drástico dos gastos públicos emergenciais e, ao mesmo tempo, a uma forte queda da arrecadação fiscal, consequência da paralisação da atividade econômica. Antes da pandemia, a expectativa era que o País fecharia o ano com uma dívida fiscal próxima a 75% do PIB. Agora os gastos estão próximos a 90% do PIB, com perspectiva de aumentarem ainda mais. “Não estamos indo para um cenário de insolvência, mas a probabilidade de cenários mais adversos começa a aumentar”, diz Gonçalves, do Itaú Unibanco.

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Além de todo esse cenário, os relacionamentos conturbados em Brasília contribuem para esse quadro. Relatório de maio da agência Fitch Ratings, que revisou a perspectiva do Rating do Brasil em maio para negativa, apontou a instabilidade política como um dos motivos que contribui para o risco do País, como “tensões entre o Executivo e o Congresso, e as incertezas quanto à duração e à intensidade da pandemia do coronavírus”. A aprovação de reformas depende de uma boa articulação política entre os poderes Executivo e Legislativo. “Qualquer movimento que coloca em risco a aprovação das reformas influencia no risco do País”, diz Fernando Honorato, do Bradesco. Outra consequência negativa das taxas longas altas é o custo do crédito para o consumidor: daí a necessidade urgente de recuperar, tão logo for possível, a harmonia entre os poderes, o que facilitará a tramitação das reformas e consequentemente trará melhores horizontes para a economia brasileira.



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