Martín Fernandez: Futebol brasileiro tem um passado pela frente

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O futebol brasileiro passou os últimos dias sendo assombrado pelo atraso. Turbinada por finais repletas de clássicos, a derradeira semana dos campeonatos estaduais ofereceu uma visão distorcida e edulcorada do que realmente são: torneios pouco atrativos para quem joga e quem assiste, resquício de uma maneira velha de organizar o futebol num país continental com tantos clubes grandes como o Brasil.

O barulho gerado pelo Gre-nal do meio da semana voltou a turvar a discussão sobre a importância dos estaduais. Tudo bem, havia mais de 40 mil pessoas na Arena, mas para decidir um torneio que teve 30 partidas com menos de mil pagantes. A própria data da final diz muito sobre o tamanho do Campeonato Gaúcho na vida de Inter e Grêmio: o jogo seria neste domingo, mas foi antecipado de maneira a não atrapalhar a vida dos clubes na Libertadores.

Os estaduais não precisam acabar, mas precisam ser profundamente repensados. E não (só) por causa dos clubes grandes, mas sobretudo pelos clubes pequenos, principais vítimas da maneira como o calendário funciona hoje. Enquanto os altos públicos das finais são celebrados neste final de semana, cartolas de times menores quebram a cabeça para descobrir como fechar as contas de um ano que termina em abril. Pior: a partir de segunda-feira, milhares de jogadores estão desempregados.

A CBF anunciou para 2020 uma redução de duas datas no tamanho dos estaduais. É pouco. Esses torneios precisam oferecer mais jogos aos pequenos e permitir algum descanso aos grandes, que têm mais o que fazer durante o ano. O Campeonato Paulista teve nada menos do que 16 partidas com menos de 500 pagantes, todos numa longa e entediante fase de grupos que só serviu para levar até as semifinais os quatro favoritos de sempre. O Campeonato Carioca tornou-se incompreensível até para quem ainda se entusiasma.

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A última semana também deixou claro como será difícil a adaptação de dirigentes, treinadores e imprensa ao árbitro de vídeo, que será adotado em todas as 380 partidas do Campeonato Brasileiro da Série A. O Brasil, para surpresa de ninguém, será o último território a ser conquistado pela tecnologia que existe para reduzir a influência de erros de arbitragem nos resultados do jogo.

A partida entre Manchester City e Tottenham, pelas quartas de final da Liga dos Campeões, ofereceu o exemplo mais cruel de utilização do VAR: a anulação, aos 47 minutos do segundo tempo, de um gol que significaria uma virada épica. O técnico do time “prejudicado” pela marcação corrigida pelo vídeo saudou a novidade. “Se o gol marcado de maneira irregular tivesse sido validado, seria muito duro com o Tottenham”, disse Pep Guardiola. “Eu não gostaria de ver isso”.

Reação muito mais estridente se deu no Brasil, o país onde o monitor do VAR na beira do campo precisou ser instalado do outro lado do Maracanã para evitar intimidação de torcedores e comissões técnicas, o lugar onde treinadores experientes acreditam que a tecnologia chegou para prejudicá-los. Como já disse Millôr Fernandes sobre o país, o futebol brasileiro também tem um enorme passado pela frente.



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