À medida que os celulares se tornaram mais importantes na vida das pessoas, eles ficaram também potencialmente mais perigosos, segundo uma pesquisa. Antes que os telefones fossem repletos de alertas e notificações, eles representavam menos risco à integridade física de seus usuários. E isso piorou com os iPhones.
Por volta de 2007, ano de lançamento do primeiro iPhone, o número de ferimentos na cabeça, causados por telefones celulares, disparou, de acordo com um estudo publicado na revista JAMA Otolaryngology – Head & Neck Surgery. Esse número continuou subindo na última década. Os telefones antigos não distraíam tanto as pessoas ao ponto de fazê-las tropeçar, nem escorregavam das mãos e caíam no rosto. Smartphones, no entanto, apresentam esse risco. “As pessoas deixam de ter consciência do ambiente”, diz Boris Paskhover, autor do estudo.
Paskhover, um cirurgião de cabeça e pescoço na Rutgers New Jersey Medical School, levantou dados entre 1998 e 2017 sobre lesões relacionadas a telefones celulares. Ao todo, coletou informações sobre traumas tratados em departamentos de emergência em cerca de 100 hospitais dos Estados Unidos. Em seguida, a equipe usou esses dados para estimar o número total desse tipo de lesão no país.
Os hospitais do banco de dados relataram 2,501 casos de lesões relacionadas a telefones celulares entre 1998 e 2017, que os autores estimam serem o equivalente a pouco mais de 76 mil lesões em todo o país nesse período. Cerca de 40% delas ocorreram com pessoas entre 13 e 29 anos, com um corte profundo sendo o diagnóstico mais comum.
Tais lesões se enquadram em uma de duas categorias, com o mesmo número aproximado em cada uma: lesões mecânicas diretas (como alguém derrubando seu telefone no rosto) e lesões associadas ao uso de celular (caso de uma pessoa tropeçando na calçada e caindo enquanto curte fotos no Instagram). Crianças com menos de 13 anos eram muito mais propensas a sofrer lesões diretas – representando 82% desse grupo – enquanto adultos com mais de 50 anos correrem mais risco de traumas associados ao uso.
Para Paskhover, as lesões associadas ao uso são as mais preocupantes. A maioria ocorreu enquanto os usuários estavam distraídos. Noventa ferimentos aconteceram após distrações com o jogo Pokémon Go. É importante notar que a maioria das lesões não foi grave. 95% dos feridos foram tratados no departamento de emergência e imediatamente enviadas para casa. Além disso, as 76 mil lesões estimadas dividem-se em apenas quatro mil por ano, representando menos da metade das crianças atendidas com queimaduras de sopa instantânea.
O estudo não incluiu traumas em outras partes do corpo. Além do mais, os números são provavelmente muito inferiores ao número real. Paskhover acredita que esse acidente não é muito notificado, apesar de comum.
Via: The Verge
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