“Kriptonita” da vida real: revelado mistério da jadarita

Cientistas do Museu de História Natural de Londres (Inglaterra) conseguiram esclarecer os mistérios geológicos por trás da formação da jadarita. O mineral raro apresenta uma fórmula química que se assemelha à kriptonita fictícia — sim, do universo lendário de Superman.

Nos quadrinhos, essa substância causa fraqueza e outros efeitos negativos em kriptonianos (como é o caso do nosso super-herói). Mas na vida real, a jadarita pode ser extremamente benéfica em diversos processos de transição energética.

Isso porque o mineral é rico em lítio, elemento estratégico na fabricação de baterias de veículos elétricos. Até agora, a jadarita só foi encontrada em um lugar na Terra: a Bacia de Jadar, na Sérvia.

A quantidade do depósito, no entanto, é enorme — se extraído, o mineral pode produzir lítio para abastecer até 90% da cota de veículos elétricos da Europa, segundo os cientistas. Sua rota de extração exige menos energia do que fontes tradicionais, como o espodumênio.

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Raridade da “kriptonita” explicada

• O mineral foi identificado pela primeira vez em 2004 pelos cientistas do museu Chris Stanley e Mike Rumsey;
• Desde então, a dupla vem buscando respostas que expliquem sua raridade — e, consequentemente, como se dá sua formação;
• Agora, no estudo publicado na Nature Geoscience, eles sugerem que a jadarita deve seguir um conjunto exato de etapas geológicas em condições altamente específicas;
• Isso envolve uma interação estreita entre lagos terminais ricos em alcalinidade, vidro vulcânico rico em lítio e a transformação de minerais de argila em estruturas cristalinas excepcionalmente raras.

“Assim como acontece ao assar um bolo, tudo precisa ser medido e exato para que este mineral raro se forme. Por exemplo, se os ingredientes minerais não forem os corretos, se as condições forem muito ácidas ou muito frias, a jadarita não se formará. Os critérios parecem ser tão precisos que ainda não os vimos replicados em nenhum outro lugar da Terra”, disse o Dr. Francesco Putzolu, cientista do museu e coautor do artigo.

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Nada de brilho

Ao contrário da kriptonita, a jadarita não é verde, nem brilhante. Ela é branca e inofensiva, apesar de apresentar fluorescência laranja rosada ao reagir com uma luz ultravioleta, como relata uma reportagem da BBC na época da descoberta.

E mesmo com as semelhanças químicas, o mineral não pôde receber o mesmo nome da substância dos quadrinhos por não conter criptônio (elemento que tem a forma de gás), como estabelecem as regras internacionais de nomenclatura.

O minério tem granulação fina, com cristais individuais que medem menos de cinco micrômetros de diâmetro (um micrômetro equivale à milésima parte do milímetro). Um tesouro escondido que pode transformar cadeias de produção em escala global.

“À medida que a demanda por lítio continua na corrida rumo às energias renováveis, se minerada, a jadarita pode oferecer um enorme potencial. Este processo nos aproxima da identificação de outros possíveis depósitos, desvendando as condições de formação em laboratório”, disse o Dr. Robin Armstrong, geólogo do Museu e coautor do artigo.

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