Julgamento do Google: cinco pontos para você entender o que está em jogo

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A última testemunha agendada pelo Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) para o julgamento antitruste que o Google enfrenta concluiu seu depoimento nesta semana. O julgamento sem júri começou em 12 de setembro e tem previsão de encerrar no final de novembro de 2023.

Para quem tem pressa:

  • O Wall Street Journal (WSJ) separou cinco momentos-chave das partes públicas do julgamento antitruste que o Google enfrenta que aconteceram até agora;
  • Antes de se tornar CEO do Google, Sundar Pichai se preocupou com a ‘percepção’ do acordo de mecanismo de busca padrão com a Apple;
  • Um ex-funcionário do Google criticou as práticas comerciais da empresa;
  • A Apple usou a Microsoft como um ‘trunfo de barganha’, disse um executivo da empresa de Bill Gates;
  • O Google pode facilmente aumentar os preços da publicidade sem enfrentar grandes consequências;
  • O Departamento de Justiça dos EUA diz que oferecer aos usuários uma escolha de busca direta em vez de um padrão reduz a dominação do Google.

O Wall Street Journal (WSJ) separou cinco momentos-chave das partes públicas do julgamento que aconteceram até agora. Confira abaixo:

Leia mais:

  • Julgamento do Google: imprensa mundial se une por transparência
  • Julgamento: Google usou ‘táticas agressivas’ para dominar buscas
  • Seu Direito Digital: e se o Google for considerado culpado no julgamento antitruste?

Preocupações de Sundar Pichai antes de ser CEO do Google

(Imagem: Google)

Em um e-mail de 2007, quando Pichai supervisionava o negócio de navegador Chrome do Google, ele escreveu que não gostava da “percepção” de o Google ser o único mecanismo de busca no navegador Safari.

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“Parece que estamos insistindo no padrão, mas acho que também devemos incentivá-los a ter o Yahoo como uma opção no menu suspenso ou alguma opção fácil. Não acho que seja uma boa experiência para o usuário, nem a percepção é ótima para nós sermos o único provedor no navegador”, escreveu Pichai.

Pichai enviou o e-mail para os cofundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, entre outros executivos. Espera-se que o CEO seja chamado como testemunha pelos advogados do Google mais tarde no julgamento.

Críticas de um ex-funcionário do Google

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(Imagem: Divulgação/Neeva)

O cientista da computação Sridhar Ramaswamy, que também é empreendedor e já trabalhou no Google, deu o que o WSJ chamou de “uma das melhores sínteses das alegações do Departamento de Justiça”.

O governo o colocou no banco das testemunhas para explicar por que um mecanismo de busca que ele lançou, o Neeva, não conseguiu competir com o Google.

O juiz do Distrito dos EUA, Amit Mehta, que decidirá o caso, perguntou a Ramaswamy por que o Google paga bilhões de dólares por ano para manter seu status padrão em smartphones.

Ramaswamy respondeu que a maioria dos usuários simplesmente usa as configurações padrão em um dispositivo, então o acordo do Google com a Apple é uma ferramenta poderosa que exclui a concorrência.

Ao advogado do Google, Kenneth Smurzynski, Ramaswamy disse que o Neeva teria conseguido entregar resultados de busca de alta qualidade com lucratividade se tivesse uma participação de 2,5% na busca.

Uso da Microsoft pela Apple para ‘barganha’

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(Imagem: Divulgação/Microsoft)

O julgamento revelou detalhes sobre os esforços da Microsoft para que seu mecanismo de busca Bing fosse colocado de maneira mais proeminente nos aparelhos da Apple. A Microsoft até ofereceu vender o Bing para a Apple, mas as negociações nunca passaram da fase preliminar.

O CEO da Microsoft, Satya Nadella, testemunhou que a empresa estava preparada para incorrer em prejuízos de US$ 15 bilhões (aproximadamente R$ 75 bilhões) por ano para tornar o Bing o mecanismo de busca padrão nos dispositivos Apple.

Mikhail Parakhin, um alto executivo da Microsoft, testemunhou mais tarde que nunca foi uma possibilidade. Ele disse:

“Minha impressão sempre foi que eles nos usavam como um trunfo de barganha porque a ameaça deles de mudar permitia que eles obtivessem condições melhores do Google. Não é segredo que a Apple está ganhando mais dinheiro com a existência do Bing do que o Bing.”

Google pode aumentar os preços da publicidade

Concorrente-Google-02-1024x576 Julgamento do Google: cinco pontos para você entender o que está em jogo
(Imagem: Divulgação/Google)

Jerry Dischler, um executivo do Google responsável pelos produtos de publicidade, testemunhou que o Google às vezes fazia alterações em seus leilões de publicidade que poderiam aumentar o preço dos anúncios de busca em 5% ou até 10%.

Os ajustes ajudavam o Google a atingir as metas de receita e a empresa geralmente não informava os anunciantes, disse Dischler.

“A pergunta com a qual todos nós nos deparamos é o quanto queremos atingir nossos números neste trimestre? Precisamos fazer essa escolha o mais rápido possível”, Dischler escreveu em um e-mail datado de maio de 2019, que foi exibido durante seu depoimento.

Um porta-voz do Google disse que os anunciantes nunca pagam mais do que seus lances máximos e a empresa está constantemente fazendo melhorias nos anúncios no site.

Escolhas para busca em vez de Google como padrão

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(Imagem: Evan Lorne/ Shutterstock)

Michael Whinston, testemunha especialista para o Departamento de Justiça, disse que a capacidade dos usuários de optar por arranjos padrão, algo que o Google cita em sua defesa, não reduz muito a dominação de mercado porque poucos usuários o fazem.

Na Europa, os usuários recebem telas de escolha em vez de mecanismos de busca padrão. Na Rússia, após a adoção da tela de escolha, um forte concorrente, o Yandex, foi capaz de competir com o Google, disse Whinston.

Antes da tela de escolha, o Google tinha uma participação de cerca de 60%, e com a tela de escolha, o Yandex ganhou uma participação de mais de 20%. Em dois a três anos, os números foram invertidos para os dois mecanismos de busca na Rússia.

“Se a qualidade do Google permanecesse inalterada e os rivais melhorassem, esperaríamos uma mudança de preferência do Google para o rival”, disse Whinston.

Isso não aconteceu nos EUA, sugeriu ele, porque a dominação do Google – garantida em parte por meio de acordos – impede que outros provedores de busca obtenham pesquisas suficientes para melhorar seus resultados.

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