Na corrida por uma vacina contra Covid-19, a da Johnson & Johnson é a primeira a demonstrar eficácia com apenas uma dose e buscar autorização de uso. Nesta quinta-feira (4), a empresa entrou com o pedido na Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos.
Se aprovada, será a terceira vacina pronta para distribuição no país, que já faz uso dos imunizantes da Pfizer e da Moderna. Como informa o STAT News, A inclusão também teria grande impacto na campanha de imunização, já que é a única a apostar em dose única e por depender apenas de armazenamento em geladeira comum, enquanto as outras duas precisam ser guardadas em temperaturas muito mais baixas.
A Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, já havia anunciado em agosto do ano passado um acerto para a entrega de 100 milhões de doses ao governo dos Estados Unidos, em investimento feito quando ainda não havia sido confirmada a eficácia do medicamento.
Hoje, no entanto, esses dados já foram apresentados. A vacina apresentou uma eficácia de 66% na proteção de casos moderados e graves, mas o resultado variou um pouco dependendo do centro onde os testes foram realizados. Na América do Norte, foi observada eficácia de 72%, contra 66% na América Latina e 57% na África do Sul. Neste último, o resultado mais fraco foi atribuído à variante que circula no país africano, que aparenta ser capaz de escapar parcialmente da resposta imune produzida pela vacina.
É provável que a autorização nos Estados Unidos tenha efeitos sobre uma possível solicitação de uso da vacina da Janssen no Brasil. A empresa conduziu ensaios clínicos de fase 3 no país respeitando a norma imposta (mas já derrubada) pela Anvisa e já teve conversas com o Ministério da Saúde sobre a aquisição de 38 milhões de doses, com a primeira remessa disponível já no segundo trimestre.
Vale lembrar que a lei de combate à pandemia, assinada em fevereiro do ano passado, prevê que a Anvisa deve dar um parecer em 72 horas sobre a aprovação de uso emergencial de vacinas já aprovadas por órgãos reguladores dos Estados Unidos, da União Europeia, do Reino Unido e da China. A lei deixou de ter validade com a virada do ano, mas o Supremo Tribunal Federal estendeu a duração desta medida para 2021.
Por enquanto, no entanto, ainda não há pedido de autorização de uso no Brasil. Por ter realizado os ensaios clínicos no país, a Janssen já utiliza o sistema de submissão contínua de dados implementado pela Anvisa, que permite o envio de documentos conforme eles ficam prontos, em vez de esperar para entregar tudo de uma vez ao fim dos estudos.
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