Dono e morador do famoso casarão do número 1919 da Avenida Paulista, Renato Franco de Mello morreu nesta terça-feira (5) em São Paulo. Segundo amigos, ele foi vítima de complicações de um câncer que combatia havia mais de um ano.
Renato foi enterrado na tarde desta quarta-feira (4), no Cemitério do Araçá, na Zona Oeste de São Paulo. O casarão da Belle Époque, próximo ao Conjunto Nacional e a dois quarteirões do Masp, foi construído em 1905 pelo avô de Mello, barão do café.
Em 1992, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico de São Paulo tombou o imóvel. A família que herdou o palacete alegou na época que a medida desvalorizou a propriedade e exigiu na Justiça a expropriação do terreno.
Vinte anos depois, em 2012, o governo estadual foi condenado a pagar aos herdeiros uma indenização de 110 milhões de reais. O valor nunca foi quitado. Enquanto a quantia não fosse paga, Mello decidiu que habitaria na mansão. Ele se mudou para o endereço em 2010, quando a família o encarregou de cuidar do imóvel deixado pelo avô.
Mello morou no palacete antigo com seu mobiliário de época e outras quinquilharias que gostava de colecionar, paixão que nutria desde que fechou seu antiquário na Rua Oscar Freire. Colecionava de tudo, de móveis a quadros. Mantinha lá dentro um banco de jacarandá do século XIII em estilo português, uma mesa rústica holandesa e vários quadros antigos.
Assim como outros parentes, Mello viveu da herança do avô e dos lucros da fazenda que o barão do café tinha, a Fazenda Primavera, perto de Araçatuba, no interior de São Paulo.
Ele divida o casarão da Paulista com uma família de antigos caseiros. Sem dinheiro para pagá-los, permitia que morassem lá de graça em troca do trabalho que faziam na casa.