Favorito na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados, cargo que ocupará pela terceira vez caso vença a eleição, Rodrigo Maia (DEM-RJ) é tido por colegas como um parlamentar com pontes na Casa, habilidoso nas negociações e aberto ao diálogo.
Opção mais moderada do que os aliados do governo de Jair Bolsonaro, para parte da esquerda, e fiador de uma desejada estabilidade para a aprovação de reformas –em especial a da Previdência– aos olhos do governo, Maia conseguiu reunir em torno de si forças potencialmente rivais.
Se de um lado obteve apoio formal do PSL, partido de Bolsonaro, de outro, conseguiu conquistar o PDT e o PCdoB, que veem na candidatura do democrata uma garantia de postos estratégicos de decisão dentro da Casa. Também atraiu, nessa nova tentativa de reeleição, partidos do centro, como o MDB, em um movimento que foi creditado por um político experiente à sua habilidade política.
A relação amistosa do atual presidente com representantes de outro campo ideológico não é recente. Foi essa, aliás, a estratégia adotada nas duas vezes que alcançou o posto.
Na primeira vez, apoiou-se no sentimento anti-Eduardo Cunha. No ano seguinte, elegeu-se novamente, nutrindo boa relação com a oposição, com o Executivo e com o Judiciário.
Abraçou a reforma da Previdência, pauta prioritária do ex-presidente Michel Temer e, agora, do governo Bolsonaro.
Apesar da imagem conciliadora, Maia já protagonizou alguns momentos de irritação– e não foi discreto em demonstrá-los. Em uma ocasião, ainda na gestão Temer, o presidente da Câmara teceu críticas a uma lista de medidas econômicas anunciadas pelo governo, boa parte delas já em tramitação no Congresso, após a desistência de se votar a reforma da Previdência.
A reação tinha como pano de fundo o fato de o governo ter cooptado sua agenda da segurança pública, algo caro e valioso em 2018 por conta de seu apelo eleitoral.
Também já reagiu publicamente a movimentações partidárias em disputa com o MDB por parlamentares que deixavam o PSB.
Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia começou cedo na política, seguindo os passos do pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia, e em 1997 tornou-se secretário de Governo da Prefeitura da capital fluminense.
Dois anos depois, elegeu-se pela primeira vez deputado federal pelo PFL (denominação anterior do DEM), e desde então foi reeleito em todas as eleições para a Câmara. Entre 1999 e 2001 foi filiado ao PTB, mas retornou ao PFL e não saiu mais do partido.
Em 2012 tentou se eleger prefeito do Rio de Janeiro, mas conseguiu pouco menos de 3 por cento dos votos válidos, ficando em terceiro lugar, na disputa.
Agora, aos 47 anos, tenta não só se colocar como a candidatura do centro com chances de vencer, mas também trazer o DEM, partido que já presidiu e do qual já foi líder na Câmara, para um campo de maior atuação política, no lugar da posição de apêndice do PSDB que vinha ocupando.