No vídeo da reunião ministerial, que teve a divulgação autorizada nesta sexta-feira, 22, pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, o presidente Jair Bolsonaro se mostra contrário à privatização do Banco do Brasil, defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e até mesmo pelo presidente da instituição, Rubem Novaes. Segundo o presidente, esse assunto seria tratado só em 2023, ao fim de seu mandato. O encontro, ocorrido em abril, é apontado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, como prova de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Corre um inquérito no STF para investigar as acusações feitas por Moro ao presidente.
De acordo com a transcrição oficial, ao fim da conferência com os ministros, que teve a participação dos presidentes do BB, Caixa Econômica Federal e BNDES, Bolsonaro pergunta ao presidente do Banco do Brasil. Neste momento, Guedes, toma a palavra e cobra uma ação mais enérgica da instituição, alegando que o BB precisa puxar a fila e começar a baixar os juros, para ser seguido pelos concorrentes, e tentar aumentar a concessão de crédito no país, mas que a instituição não o faz por causa de acionistas minoritários. Guedes afirma que o BB “não é público nem privado” e é um caso pronto de privatização. A declaração é seguida de risos de Bolsonaro. Guedes retoma, dizendo que o governo não consegue “fazer nada” no Banco do Brasil, mesmo tendo um liberal lá, se referindo a Novaes. O presidente do Banco, então, explana a atuação da instituição durante a pandemia. Guedes então, questiona Novaes para confessar “seu sonho”, provocando sobre a privatização do banco. Neste momento, Bolsonaro então pede para que o presidente do Banco só confesse seu sonho em 2023.
Novaes então, diz que o Banco do Brasil pode sim vir a ser alvo de privatização, já que o BNDES cuida do desenvolvimento e a Caixa Econômica da área social. “Eu acho que fica claro que com o BNDES cuidando do desenvolvimento e com a Caixa cuidando do fim da área social, o Banco do Brasil estaria pronto para um programa de privatização, né?”, diz. Em seguida, Bolsonaro intervém: “Isso aí só se discute, só se fala isso em 2023, tá?”.
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O presidente do Banco continua a explicar a situação da instituição no governo. Segundo ele, o BB tinha privilégios antes, com a administração de folhas de pagamento de servidores públicos e depósitos judiciais, o que não ocorre agora. “E fica só o lado ruim de ser estatal, pesando no Banco do Brasil. Quer dizer, a gente não tem a mesma facilidade de contratação, a gente não tem a mesma facilidade de demissão de maus funcionários e vai por diante.”
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