A partir desta segunda-feira, 3, a gasolina a produzida ou importada do Brasil passa a seguir novos critérios, visando aumentar a qualidade do combustível — e consequentemente o preço. Passa a valer uma nova resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que modifica as especificações do combustível, que agora são semelhantes às adotadas no mercado internacional e devem aproximar a qualidade do produto brasileiro ao estrangeiro. O maior benefício da mudança é o aumento da densidade, o que, na prática, pode aumentar a eficiência, diminuir o risco de evaporação do produto no verão brasileiro e aumentar a durabilidade dos novos motores produzidos por montadoras. Mas, todas essas mudanças não devem compensar o aumento real do combustível nas bombas do país.
A Petrobras não estima quanto ao certo o novo combustível deve custar, apesar de admitir que o preço será maior. A estatal, responsável por 90% da produção de gasolina no Brasil afirma que já está disponibilizando o produto nos postos. Porém, o impacto no preço deve ser gradual, já que a gasolina antiga pode ser entregue nas distribuidoras até o dia 3 de outubro e, nos postos, até 3 de novembro. “Se a mudança na especificação e na qualidade da gasolina levar o produto para o mesmo preço do mercado convencional americano, que fica bastante próximo da nova especificação, teremos um aumento na casa dos 12 centavos de dólar por galão do produto para importação, o que deve redundar em um aumento entre 12 e 15 centavos de real no produto final a ser vendido nos postos. Esse impacto depende do período do ano, em vista que a alta é maior nos meses de verão do Hemisfério Norte e menor nos meses de inverno, além de fatores específicos do mercado de derivados de petróleo em cada momento. Nesse sentido, atualmente a alta no preço não deve ser tão grande e vai girar entre 5 e 10 centavos porque o mercado estava muito valorizado, ou seja, a gasolina brasileira já estava mais valorizada que o normal”, analisa Thadeu Silva, chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone.
Um dos pontos que leva a nova composição do combustível a não ser tão festejada é que a quantidade de etanol na composição – 27,5% – será mantida. Para se ter uma ideia, em alguns países o nível de etanol presente na gasolina é de apenas 2%. “Para uma parte pequena do volume que era vendido no Brasil, teremos um aumento de qualidade e rendimento. Para a maior parte do mercado que já era suprida pela Petrobras, a qualidade não deve mudar em nada e o preço vai aumentar”, disse o especialista.
Na prática, a mudança determina um valor mínimo de massa específica (ME), de 715,0 kg/m3, e valor mínimo de 77,0 ºC para a temperatura de destilação em 50% (T50) para a gasolina A e com a fixação de limites para a octanagem RON (Research Octane Number), que já existe nas especificações da gasolina de outros países. Segundo a especialista em regulação da ANP, Ednéa Caliman, o produto brasileiro passará a ter mais qualidade e maior eficiência energética. “Essa definição é importante. Quanto maior a massa específica do combustível em termos de hidrocarbonetos, maior é a densidade energética do combustível, ou seja, para o mesmo volume de combustível injetado no motor haverá a geração de maior quantidade de energia no momento da queima do combustível. Com isso, esperamos que proporcione maior rendimento, gerando diminuição do consumo e aumento da autonomia dos veículos”, disse.
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 31 de julho, a gasolina acumula, em média, uma alta de 8,26% nas últimas duas semanas.
(Com Agência Brasil)
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