Fusca: clássico da Volkswagen na verdade é plágio de um carro de luxo?

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O Fusca é um dos carros mais clássicos da história da indústria automobilística, mesmo quem não consegue identificar um modelo de carro quando pede um Uber, sabe identificar o “besouro da Volkswagen”. Parte disso se deve ao design bastante característico, que faz do Fusca diferente de tudo, porém, esse design pode não ser tão original quanto se pensa e o clássico pode ser fruto de um plágio.

Para entender isso melhor, é necessário voltarmos até meados da década de 1930, na antiga Checoslováquia, para conhecermos um carro bastante luxuoso e à frente do seu tempo, o Tatra T87. Este carro foi produzido pela modesta montadora checa entre 1936 e 1950 e foi uma grande inspiração do engenheiro austríaco Ferdinand Porsche, que comandou o projeto do Fusca.

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Tatra T87 era considerado um carro rápido, bonito e confiável. Crédito: CC0 Domínio Público/Bonhams

Apesar de ser um modelo de luxo, não era difícil cruzar com um Tatra T87 ao caminhar pelas ruas da Checoslováquia. A marca fazia relativo sucesso local e seus modelos eram reconhecidos por sua beleza, aerodinâmica e resistência. O T87, especificamente, tinha especificações técnicas bastante interessantes, que fizeram com que ele ganhasse a admiração de altos oficiais da Alemanha Nazista.

Rápido e econômico

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O Tatra T87 era um veículo potente e com bom desempenho, sem gastar muito combustível. Crédito: Wikimedia Commons

Por baixo do capô traseiro, o modelo contava com um poderoso motor V8 refrigerado a ar de 2669 cc de 2,9 litros e 85 cv de potência. Essa configuração permitia ao modelo checo alcançar nada menos do que 160km/h, o que era superior ao limite permitido nas famosas Autobahns, que são as autoestradas federais da Alemanha, na década de 1930.

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Apesar de ser um dos carros mais rápidos do mundo há 80 anos, os Tatra T87 não eram “beberrões”, e conseguiam fazer respeitáveis sete quilômetros por litro de combustível. Além de oficiais do regime nazista, o própria Hitler admirava bastante o T87 e outros modelos da Tatra, e os levou em consideração quando criou as especificações do que viria a ser o Fusca.

Devastada pela Primeira Guerra Mundial, na década de 1930, a Alemanha era um dos países com menor índice de motorização da Europa, o que Hitler via como um problema. Então, o ditador encomendou a Ferdinand Porsche um modelo de carro que deveria ser um dos símbolos do progresso da Alemanha, o chamado “VolksAuto”, que, em tradução livre, quer dizer “carro popular”.

O “VolksAuto”

O veículo que o ditador encomendou para Porsche deveria ser capaz de carregar dois adultos e três crianças, que era a composição de uma família média alemã na época, ou três soldados e uma metralhadora. Além disso, deveria poder alcançar e manter uma velocidade média de 100 km/h e não consumir mais do que 13 km/litro, por conta da crise da falta de combustível na Alemanha.

O motor do VolksAuto, posteriormente renomeado para Volkswagen, deveria ser refrigerado a ar, e, se possível, deveria ser a diesel, e, por último, mas não menos importante, os custos de produção deveriam ser baixos, já que o carro não poderia custar mais do que mil marcos imperiais, que era o preço que um cidadão alemão pagava por uma boa motocicleta em meados de 1933.

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Desenvolvimento do Fusca foi bastante problemático. Crédito: Reprodução/Redes Sociais-Maxicar

O desenvolvimento do Fusca foi bastante problemático, passando por questões que foram desde a intransigência de Hitler pelo baixo custo do carro, até a oposição da Associação de Fabricantes de Automóveis Alemães (RDA), acostumada a produzir veículos de luxo, que não esperava que um carro popular fosse para frente, além das dificuldades técnicas de uma encomenda tão específica.

Quando o Fusca finalmente foi apresentado ao público, viu-se que algumas soluções encontradas para fazer com que o projeto encomendado a Porsche tornaram o veículo popular alemão muito parecido com um certo carro de luxo checo. Essa semelhança era tão grande e tão óbvia, que impressionou até mesmo o criador do Tatra T87, o engenheiro austríaco Hanz Ledwinka.

Inspiração ou cópia?

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Motor traseiro é uma das principais semelhanças entre o luxuoso checo e o popular alemão. Crédito: Reprodução/Jay Leno’s Garage – YouTube

Quando o Fusca foi lançado, inclusive, já existia um outro modelo da Tatra, este voltado para uma parcela mais ampla do mercado do que o T87, que o T97. Esse segundo era um pouco menor e menos potente, o que fazia dele ainda mais parecido com o Fusca. Curiosamente, Ledwinka e Porsche se conheciam, o que reforça as suspeitas de plágio.

Apesar de uma maior semelhança entre o T97 e o Fusca, quando Hanz Ledwinka resolveu processar Ferdinand Porsche, a alegação foi de que o modelo era uma cópia do T87. Quando o caso foi parar nos tribunais, Porsche não se esforçou muito para negar a, digamos, “inspiração” no modelo techeco para desenvolver o atarracado carrinho alemão e pretendia fazer um acordo com Ledwinka. Mas um evento mudou a história desse processo e da humanidade: a Segunda Guerra Mundial.

“Assassino de Nazistas”

Quando o exército nazista começou a avançar pela Europa, um dos países invadidos foi a Checoslováquia, o que foi um duro golpe para a Tatra e sua linha de automóveis de passeio. Em 1938, a produção do T97, tratado como um rival direto do Fusca no mercado internacional de veículos, foi interrompida e a fábrica da Tatra passou a produzir armas para as tropas alemãs.

Hanz Ledwinka, inclusive, foi forçado a trabalhar para o regime nazista durante a ocupação da Checoslováquia, que durou até o final da Segunda Guerra, em 1945. Por conta disso, quando o país passou a ser parte da chamada Cortina de Ferro, o engenheiro foi enviado à prisão, onde permaneceu por quase seis anos, até 1951, ele morreu em 1967, em Munique, na Alemanha.

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Como já mencionado, o Tatra T87 era um dos carros favoritos dos oficiais nazistas, porém, apesar de sua alta velocidade e baixo consumo de combustível, o T87 tinha um sério problema. O motor traseiro, combinado com o design da suspensão, fazia com que o carro fosse extremamente instável em curvas, o que rendeu a ele o apelido de “assassino de nazistas”.

O apelido se deu pelo fato de muitos dos oficiais não conhecerem as características do eixo traseiro oscilante do modelo, o que dificultava a direção em curvas agressivas. Nessa configuração de pista, a roda do T87 “dobrava” e acabava fazendo o carro patinar e o motorista perder o controle, o que causou alguns acidentes fatais no alto escalão do regime nazista.

O fim do processo

Após o fim da guerra, a Tatra voltou a produzir veículos de passeio, incluindo o T87. Estima-se que cerca de 3.000 unidades tenham sido produzidas entre 1936 e 1950. Poucas unidades resistiram ao tempo e, hoje, estão nas garagens de colecionadores de carros. Uma delas, inclusive, pertence ao ex-apresentador do programa de entrevistas The Tonight Show Jay Leno.

Depois da ascensão do Partido Comunista na Checoslováquia, a Tatra foi nacionalizada, mas a produção do T87 não foi retomada. O modelo foi substituído pelo 603, um outro modelo de alto luxo, mas de produção limitada e restrita. Os 603 foram todos destinados a oficiais militares, membros do Partido Comunista e políticos dos países da Cortina de Ferro.

O processo de Ledwinka contra Porsche também foi retomado depois do fim da guerra, mas, agora tendo como partes interessadas a Tatra e a Volkswagen. Em 1961, as duas empresas entraram em um acordo e, a agora gigante alemã do setor automotivo, aceitou pagar 3 milhões de marcos alemães de indenização à pequena montadora tcheca, o que pode ser entendido como uma “confissão de culpa”.

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