Funcionários dos Correios convocam greve em meio a debate de privatização

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Caiu pessimamente a entrevista do presidente dos Correios, general Floriano Peixoto, publicada em VEJA da semana passada, nos grupos sindicais que reúnem trabalhadores do serviço postal. Na conversa, ele afirma que assumiu o cargo com a missão de acelerar o processo de privatização da empresa e assumiu a redução de benesses concedidas aos empregados, oásis para qualquer trabalhador — e nocivo para qualquer empresa. “Alguns benefícios estão sendo cortados porque a empresa não tem capacidade financeira nem condição de sustentar perante a sociedade a preservação deles em um momento tão difícil”, disserta ele. A resposta veio. “Direito não se retira, se amplia”, vaticina uma campanha convocando greve dos funcionários a partir do dia 18.  “Não nos resta outra saída a não ser construir uma greve nacional por tempo indeterminado para contrapor todos os ataques colocados em curso pelo governo Bolsonaro e o presidente Floriano Peixoto”, diz o comunicado de um dos sindicatos divulgado nesta segunda-feira, 3.  

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Num momento tão delicado, com a pandemia da Covid-19 corroendo as saídas e aumentando a demanda por entregas, os Correios fazem um rebuliço e o serviço mostra-se às mínguas. A companhia de serviços postais ocupa o segundo lugar na listagem de piores empresas no site Reclame Aqui, com nota média de 3,8 entre os internautas. Entre o início de janeiro e o último dia de julho, foram 42.488 reclamações no portal.

Se o serviço não agrada os consumidores, os benefícios dos funcionários do serviço postal, são gordos. Os 100 mil funcionários têm direito a licença-paternidade extensiva e vale-alimentação acima do valor de mercado.  Segundo a categoria, a empresa visa retirar 70 direitos conquistados pela categoria. A previdência privada da companhia, porém, são dos mais graves problemas da empresa. Em março, pior momento da pandemia, o fundo Postalis acumulava rombo de 53,4 bilhões de reais. Com deficit de 2,4 bilhões de reais, e é uma das joias da coroa do ministro da Economia, Paulo Guedes, para a privatização. 

Segundo comunicado dos sindicatos, as organizações optaram por construir a data de assembleias nacionais para o dia 18 de agosto, com deflagração da greve a partir da meia noite. “caso a empresa não apresente uma proposta que atenda aos trabalhadores, e recue dos ataques contra nossa categoria”. E a celeuma dos funcionários é, justamente, o principal entrave para a privatização. O secretário de Desestatização, Salim Mattar, lotado no Ministério da Economia, tem reclamado do ambiente político que ronda qualquer discussão sobre a venda da empresa. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, é responsável pelo desenho dos planos de concessão dos Correios e, ao lado dos ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo; e Walter Braga Netto, da Casa Civil, responsável pela articulação no Congresso Nacional para dar vazão ao projeto de desestatização do serviço postal. Mas o caminho ainda é longo. 

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Segundo as contas de Salim Mattar, graças aos trâmites internos e as costuras políticas, a venda da estatal não deve sair do papel antes do final de 2021. Incluído no Programa de Parcerias e Investimentos, o PPI, em agosto do ano passado, o cronograma trabalhado internamente no Ministério da Economia aponta a necessidade de uma construção de dois anos para o projeto ser concluído. Outro entrave é a quebra do monopólio dos serviços postais, que, estuda-se, pode ficar em alguma subsidiária estatal para limitar os trâmites pela venda da empresa, já que a alteração demandaria a aprovação de mudanças constitucionais. “Hoje, são poucos os que enviam e entregam cartas. Os Correios viraram uma empresa como as transportadoras privadas, com eficiência muito pior do que as outras”, diz um executivo do Ministério da Economia. Prometido como um dos nortes da gestão de Guedes, a venda dos Correios é vista como primordial dentro da pasta. É patente que o ministro não se espelhe nos péssimos serviços postais do país — e entregue o mais rápido possível. 



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