Segundo informações de autoridades estadunidenses divulgadas nesta sexta-feira (25), hackers trabalhando para o governo da China teriam tentado invadir celulares utilizados pelo ex-presidente e candidato à presidência Donald Trump, pelo senador e candidato a vice JD Vance e outros que atuam na campanha, bem como nos de integrantes da campanha da atual vice-presidente e candidata Kamala Harris.
Não se sabe ao certo se as tentativas de invasão deram certo, mas as autoridades alegam que os celulares dos funcionários das duas campanhas foram comprometidos, reporta o The Washington Post.
Não foi informado se os celulares de Harris e do governador de Minnesota e candidato a vice-presidente, Tim Walz, foram alvos. Sabe-se, contudo, que outros democratas foram alvos, como a equipe do líder da maioria do Senado, Charles E. Schumer.
Como os EUA descobriram o ataque hacker às campanhas de Trump e Harris
- A campanha de Trump foi notificada pelo FBI na última semana após a empresa de telecomunicações Verizon descobrir a tentativa de acesso não-autorizado;
- As autoridades seguem trabalhando para ter a lista completa de pessoas afetadas, mas, por precaução, todos os que trabalham na campanha do ex-presidente recebem novos telefones;
- Segundo um assessor de Trump, há aqueles que passaram a usar dispositivos criptografados mesmo para chamadas básicas;
- Assessores de Trump receberam informações do FBI de que os criminosos também estariam de olho em integrantes da mídia e outros estadunidenses importantes. “Eles deixaram bem claro que não éramos só nós”, informou uma das fontes;
- Ao menos mais dois integrantes da família Trump também foram alvos dos hackers.
Ainda de acordo com as autoridades, o esforço dos chineses é visto como “bipartidário” por ora, ou seja, tentando atacar ambas as campanhas. Isso porque também houve tentativas de invasão às comunicações do presidente Joe Biden.
Como espionar candidatos e líderes políticos é prática comum de grandes potências mundiais, as autoridades dos Estados Unidos não consideram a tentativa de invasão às campanhas de Trump e Harris como intervenção eleitoral.
Um alto funcionário do governo estadunidense declarou que, no seio do alto escalão, “estamos no nível dez, piscando vermelho para a China agora”.
Esses ataques são uma espécie de continuidade de uma intrusão profunda já relatada em provedores de telecomunicações dos EUA. A situação foi provocada por hackers chineses apelidados de Salt Typhoon pela Microsoft. Fontes apontam que esse mesmo grupo usou a brecha do ataque anterior para tentar invadir os telefones da campanha de Trump.
A situação passada fez com que a Casa Branca criasse uma equipe especial para dar uma resposta à questão. O Post indicou, anteriormente, que os hackers teriam invadido até uma dúzia de empresas, como AT&T e Verizon, sendo que, em alguma delas, os criminosos obtiveram a mesma permissão de acesso que engenheiros sêniores, de modo que conseguiram explorar contas e redirecionar o tráfego de clientes.
Ainda conforme as autoridades dos estadunidenses, o Salt Typhoon estaria conectado ao Ministério de Segurança do Estado da China, principal agência de espionagem local.
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Dados de registro de chamadas são exatamente o tipo de informação que a [China] desejaria como parte de operação de inteligência contra grandes provedores de comunicações. Visar campanhas, candidatos e líderes nacionais tem sido prioridade consistente para a China. Dado o nível relatado de acesso a essas empresas, presumo que havia muitos outros alvos que não foram tornados públicos.
Brandon Wales, ex-diretor-executivo da Agência de Segurança Cibernética e de Infraestrutura dos EUA, ao The Washington Post
O FBI informou, em comunicado em conjunto com a Cybersecurity and Infrastructure Security Agency (CISA), que “o governo dos EUA está investigando o acesso não autorizado à infraestrutura de telecomunicações comerciais por atores afiliados à República Popular da China”.
Na declaração, FBI e CISA também afirmam que, após detectarem as intrusões, “notificaram as empresas afetadas, prestaram assistência técnica e, rapidamente, compartilharam informações para auxiliar outras vítimas em potencial”.
Do lado da China, o porta-voz da Embaixada Chinesa em Washington, Liu Pengyu, afirmou não estar a par do ataque, o que o impedia de comentá-lo. “As eleições presidenciais são assuntos domésticos dos Estados Unidos. A China não tem intenção de interferir e não interferirá nas eleições dos EUA. Esperamos que o lado dos EUA não faça acusações”, informou.
Pengyu afirmou ainda que os EUA vêm imprimindo esforços para “espalhar todos os tipos de desinformação sobre as chamadas ‘ameaças de hackers chineses’”.
Autoridades de inteligência estadunidense disseram que, enquanto Rússia e Irã já mostraram claramente terem se movimentado para apoiar um ou outro candidato à presidência do país, o mesmo não pode se dizer da China.
Contudo, segundo o alto escalão dos EUA, pessoas afiliadas ao governo chinês estariam fazendo campanhas, nas redes sociais, contra alguns candidatos ao Senado que já se mostraram contra o governo chinês.
Eles também alertam que a China, supostamente, se beneficia do caos interno vivido nos EUA e pode tentar aumentar a propagação de fake news em torno das eleições ou após o evento, principalmente se a vitória de um dos candidatos for contestada e houver acusações de fraude.
Na última segunda-feira (21), em memorando recentemente desclassificado, líderes de inteligência estadunidenses declararam que “avaliamos que a China busca denegrir a democracia estadunidense, mas sem alimentar a percepção de que busca influenciar ou interferir na eleição presidencial dos EUA”.
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