“Eu sinto amor pelo que eu faço”, diz pedreira de Santo André

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Eliete Vieira da Silva, de 55 anos, estava em cima de um pequeno andaime passando reboco na parede quando VEJA SÃO PAULO chegou à casa onde a mulher está trabalhando há duas semanas. Ela foi contratada pelo estudante de direito Leo Paulino Barbosa, de 48 anos, para reformar a laje e a garagem de sua casa, na Rua Acrópole, em Santo André, região metropolitana de São Paulo.

Eliete é pedreira há quase trinta anos e virou uma referência de bom serviço no bairro onde ela e Barbosa moram. Foi por essa boa fama que o estudante decidiu chamar a vizinha para tocar a obra.

O combinado era que, primeiro, a mulher começasse pela troca dos pisos da laje. Poucas horas depois, ao voltar de compromissos, o cliente ficou surpreso: a profissional já tinha assentado metade dos azulejos.

Eu fiquei encantado. Quando ela começou a trabalhar, tinha percebido o quanto era organizada e determinada. Mas é impressionante”, disse o rapaz que, de tão maravilhado, tirou uma foto do celular de Eliete trabalhando e compartilhou nas redes sociais.

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Em poucas horas, o clique viralizou. Hoje, a postagem, com um texto exaltando seu trabalho, tem 24 000 compartilhamentos no Facebook. A pedreira levou só dois dias para concluir o serviço. 

Depois que a foto foi parar na internet, a procura pelas obras dispararam. O sucesso todo, inclusive, tem assustado bastante a pedreira. Antes de ficar conhecida, a mulher tinha dificuldade de arrumar trabalho, por sofrer preconceito. “Muita gente já deixou de pegar meus serviços porque eu era mulher. Diziam: mas como você vai carregar o saco de cimento? Olha, eu não aguento um saco de 50 quilos. Mas de 27 eu carrego tranquilamente”, conta. “Eu me sinto bem fazendo o que faço. Quem deve se sentir mal é a pessoa que não quis pegar meu serviço.

Nascida na mesma casa onde mora até hoje, começou a atuar na área graças a um dos seus sete irmãos. Depois de ter sido demitida de uma metalúrgica nos anos 80, foi trabalhar com um irmão, que é coveiro e faz reformas em túmulos, em um cemitério da cidade. “Foi ali que eu peguei gosto. A partir de então, fiz cursos e virei pedreira”, diz.

Com o dinheiro que ganhava pelas obras, Eliete ajudava a cuidar da mãe, que morreu no fim do ano passado, vítima de complicações de um acidente vascular cerebral. Quando tocou nesse assunto, a pedreira não conseguiu segurar o choro: “Sinto muita falta dela. Quando perguntavam se ela conhecia um pedreiro, ela dizia: sim, conheço, minha filha”, relata. “Essa mulher sempre me deu a maior força do mundo no que eu fazia.



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