Há pouco mais de um mês, cientistas da Sociedade Astronômica Real do Reino Unido anunciaram a descoberta de moléculas de fosfina (PH3) na atmosfera de Vênus. A molécula seria uma possível sinal de vida no planeta vizinho. Agora, porém, dois estudos independentes colocam uma série de dúvidas sobre a detecção da composição da atmosfera de Vênus.Na época, os pesquisadores afirmaram que a presença da fosfina, estimada em 20 partes por bilhão, não poderia ser explicada por processos químicos conhecidos. Porém, em uma pesquisa publicada em 15 de outubro e aceito na Astronomy & Astrophysics, uma equipe internacional liderada por Thérèse Encrenaz, do Observatório de Paris encontrou alguns problemas.Os pesquisadores procuraram sinais da substância em outras faixas de radiação infravermelha e, segundo eles, não encontraram nada. Isso, explicaram eles, não quer dizer que a fosfina não está presente, mas coloca limites estritos da quantidade presente. Os cientistas afirmaram que não pode haver mais de 5 partes por bilhão da molécula no ar de Vênus com “confiança superior a 99,7%”.ReproduçãoNovos estudos colocam em xeque a detecção de fosfina em Vênus. Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), Greaves et al. & JCMT (East Asian Observatory)Já no dia 19 de outubro, um grupo liderado por Ignas Snellen, da Universidade de Leiden, na Holanda, lançou no repositório de pré-impressão arXiv uma reanálise dos dados colhidos pela Sociedade Astronômica Real. O trabalho afirma que o método de processamento usado pelos britânicos leva a resultados espúrios. Além disso, eles afirmam que só conseguiram ver um único sinal similar ao da fosfina, porém, em um nível tão baixo de confiança para que tivesse significância.Por fim, os pesquisadores ainda dizem que os dados não fornecem evidência estatística da presença da fosfina em Vênus. O trabalho foi submetido para publicação na Astronomy & Astrophysics e fez com que pesquisadores britânicos retirassem seus dados do seu banco público por “problemas de controle de qualidade”. O final desta história, porém, ainda deve levar um tempo para chegar. Até lá, porém, vamos ter que esperar a sonda BepiColombo passar novamente pelo planeta, o que vai acontecer no ano que vem.Via: Folha de S.Paulo
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