O fim de semana se desenhou bem diferente do que esperava o ministro da Educação, Abraham Weintraub. Após comemorar na sexta-feira 17 que o Ministério da Educação (MEC) acabara de realizar “o melhor Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de todos os tempos”, Weintraub teve que explicar falhas nas notas de diversos alunos. O governo passou a ter noção do tamanho do problema após uma série de reclamações de estudantes nas redes sociais.
Na manhã de sábado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) assumiu a falha. Segundo o órgão que é responsável pela organização do Enem, houve problemas com a gráfica que passou a imprimir a prova em 2019. Houve troca de gabaritos, disse o ministro no domingo.
Os números de estudantes afetados foram mudando com o passar do fim de semana. Se no início, a falha poderia ter alcançado 1% das pessoas que prestaram o exame, cerca de 39.000, o Inep terminou estimando no domingo que menos de 9.000 candidatos teriam sido afetados. O MEC prometeu que resolveria o problema até esta segunda-feira, 20. E precisa correr mesmo.
Isso porque a partir de terça-feira, 21, o Sistema de Seleção Unificado (Sisu), que oferece vagas em universidades públicas a partir das notas do Enem, estará funcionando. E, apesar das falhas, o governo manteve a data. Logo, as notas desses alunos precisam ser revistas a tempo para que eles possam se inscrever no programa.
As falhas colocam ainda mais em xeque a administração de Weintraub, ligado à ala seguidora do filósofo Olavo de Carvalho, frente ao MEC. Criticado abertamente por diversos especialistas em educação, o ministro tem sido muito atuante nas redes sociais ao criticar ferozmente oposicionistas.
Seus posicionamentos, quase sempre em tom de chacota, começaram a incomodar parte do Planalto. Os resultados esperados do ministério também não apareceram. O Inep, por sua vez, também teve quatro presidentes desde janeiro.
Tudo isso fez crescer os boatos que Weintraub seria demitido no fim do ano, o que não ocorreu. A nova crise na Educação não ajuda em nada na permanência de um dos ministros mais polêmicos de Bolsonaro.
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