Enquanto IPO se aproxima, Uber mantém táticas agressivas de crescimento

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São Francisco — O co-fundador e ex-presidente-executivo da Uber Technologies, Travis Kalanick, costumava dizer aos investidores que gostava de manter sua empresa entre a ordem e o caos. No momento em que ele saiu, foi o caos. A empresa foi atingida por uma série de escândalos, incluindo revelações de que havia usado táticas ilícitas para prejudicar concorrentes e contornar autoridades.

Quase dois anos depois, sob nova liderança e com a estreia em Wall Street marcada para sexta-feira, a maior oferta pública de ações (IPO) dos Estados Unidos desde 2014, a Uber ainda está testando os limites da legislação.

Com o crescimento desacelerando, a empresa continua a batalhar com autoridades locais em todo o mundo, que procuram limitar os carros de motoristas credenciados na companhia em suas ruas.

Nos Estados Unidos, a Uber usou os tribunais para tentar bloquear o que considera restrições irracionais aos seus negócios. E conseguiu fazer com que governos estaduais aprovassem leis que passaram por cima de regulamentações municipais, para grande frustração de autoridades em algumas cidades onde opera.

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Pessoas de dentro da Uber dizem que o presidente-executivo, Dara Khosrowshahi, fez progressos na limpeza de uma cultura machista que gerou acusações de assédio sexual e vazamentos vergonhosos de comportamento reprovável de executivos.

Mas as táticas de negócios agressivas da Uber, detalhadas por legisladores, funcionários municipais e reguladores em todo o mundo, bem como motoristas e ex-funcionários, continuam a impulsionar a empresa.

“Está no DNA”, disse um ex-gerente da Uber. “Velhos hábitos são difíceis de morrer.”

Se a cartilha da empresa oferece o crescimento e a lucratividade que investidores do mercado acionário estão buscando, ainda é uma questão pendente. O crescimento da receita desacelerou para 2,3 por cento no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior, um sinal preocupante para um negócio que teve prejuízo de mais de 3 bilhões de dólares no ano passado.

O modelo de negócios da Uber “não é atraente de maneira óbvia para investimento sustentável de longo prazo”, disse Mark Hargraves, diretor na Framlington Global Equities da AXA Investment Managers, em nota recente a clientes.

Um porta-voz da Uber se recusou a comentar. Em seu processo de IPO, a empresa disse que está “usando uma abordagem proativa e colaborativa com os reguladores” e “reconstruindo e fortalecendo” suas relações com as cidades. Onde o app é proibido, a Uber está oferecendo serviços de bicicletas elétricas ou parcerias com empresas de táxi tradicionais.

Ainda assim, a empresa reconheceu “obstáculos legais e regulatórios” em todo o mundo que poderiam atingir sua receita e seu crescimento.

Grandes cidades preocupadas com congestionamentos, qualidade do ar e segurança de passageiros e motoristas estão elaborando novas políticas e exigindo mais dados de empresas de transporte urbano por aplicativo para encontrarem soluções.

A Uber rebatendo isso. A empresa processou a cidade de Nova York em fevereiro por uma lei que impõe um teto para o número de motoristas de aplicativos, uma medida tomada pela prefeitura para lidar com um quadro de agravamento dos congestionamentos. Em sua cidade natal, São Francisco, a Uber está lutando contra uma ordem judicial que obriga a companhia a entregar dados que, segundo a cidade, ajudariam a melhorar o gerenciamento do trânsito e a segurança dos motoristas da empresa.

Como as autoridades municipais dos Estados Unidos ficaram mais rígidas, a Uber procurou legisladores estaduais mais amistosos para contorná-las.

Em apenas quatro anos, a Uber e a rival Lyft ajudaram a aprovar leis em 41 Estados que colocaram o negócio de transporte por aplicativo sob a jurisdição do estadual, antecipando algumas ou todas as regulamentações locais, de acordo com um estudo de 2018 do National Employment Law Project.

A Uber agora está defendendo uma legislação em Oregon que priva autoridades locais de definirem limites sobre o número de motoristas, licenças, obrigação de coleta de dados e acesso para passageiros em cadeiras de rodas, entre outras demandas.

Autoridades em Portland dizem que a cidade está na mira da empresa. Depois que o serviço da Uber foi lançado no final de 2014, Portland processou a empresa, declarando que era o serviço era ilegal. O processo foi mais tarde descartado, mas a prefeitura de Portland mantém a Uber sob acompanhamento próximo.

Noah Siegel, diretor-assistente interino do departamento de transporte de Portland, disse que a legislação proposta prejudicará a capacidade da cidade de gerenciar seu crescimento e garantir que todos possam se locomover com segurança.

“Não guardamos muito ressentimento sobre o que aconteceu” com a Uber no passado, disse Siegel. “Mas este projeto de lei serve como um ponto de referência de que faz quatro anos e eles ainda não tiveram lucro e farão qualquer coisa para ganhar dinheiro.”



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