Em reunião na Fiesp, chanceler diz que governo pode ser considerado ‘trumpista’

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SÃO PAULO – O ministro das Relações Exteriores,
Ernesto Araújo
, disse na manhã desta segunda-feira, em reunião na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp) que o governo brasileiro é “trumpista”, em referência ao presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump
. Araújo, contudo, negou que o país vá se alinhar automaticamente ao governo norte-americano.

O ministro foi bastante cobrado pelos industriais em relação ao temor comercial causado pela aproximação com os norte-americanos e com Israel em detrimento de países com ideologias distantes do governo Bolsonaro, como a China e nações do Oriente Médio. Ao falar sobre a aliança liberal-conservadora que, na sua opinião, teria levado Bolsonaro ao poder, Araújo fez elogios a Trump e a outro ícone da direita norte-americana, Ronald Reagan.

— Dizem muito que nós somos trumpistas, o que de certa forma é um pouco verdade. Admiro muito o presidente Trump e algumas mudanças que ele introduziu — afirmou.

De acordo com ele, contudo, o momento pelo qual o Brasil passa se assemelha ao dos Estados Unidos do final da década de 1970, quando o então presidente Jimmy Carter, democrata, transmitiu o cargo para Ronald Reagan. Segundo ele, o Brasil seria até mais “reaganista”.

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— Chegou o Reagan e mudou tudo com uma combinação de patriotismo e abertura econômica. Duas coisas essenciais uma para outra. Toda a Reaganomics que introduziu 20 anos de crescimento nos EUA e uma política externa que foi extremamente criticada, diziam que ele era louco, ia provocar a 3ª Guerra Mundial e não foi o que aconteceu — disse.

Durante a reunião, Ernesto Araújo minimizou o temor comercial causado pela aproximação com os Estados Unidos e Israel e admitiu que o país deve manter relações econômicas com a China, países do Oriente Médio. O chanceler prometeu até mesmo estudar a situação de um dos industriais presentes que negociava com Cuba.

Em relação a Israel, Araújo afirmou que o Brasil está pronto para conversar com as nações muçulmanas.

— Já vínhamos conversando sobre isso, numa perspectiva muito serena em relação ao relacionamento com os países árabes. O plano de fundo é extremamente promissor com todos eles — disse.

O chanceler afirmou que as perspectivas são particularmente boas com os países do Golfo Arábico, como os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. Em relação a este último, Araújo chegou ad izer que o país está passando por reformas liberais.

— Os Emirados Árabes é um pais muito dinâmico mas também a Arábia Saudita, que está liberalizando, uma direção muito interessante — disse.

A declaração vai de encontro com a tendência mundial em relação ao país governado pela dinastia dos Saud. O herdeiro do trono, Mohammed bin Salman, que foi levado ao poder com o apoio dos Estados Unidos e vinha promovendo reformas liberais no país passou a ser criticado após a morte do jornalista Jamal Kashoggi na embaixada do país em Instambul, na Turquia. Investigações dos serviços de inteligência norte-americana posteriormente indicaram a participação do príncipe na morte.

Impasse na Apex

Ernesto Araújo disse ainda que deve conversar nesta terça-feira com o presidente Jair Bolsonaro sobre o impasse na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), entidade ligada ao Itamaraty para a promoção de exportações de serviços brasileiros. O órgão está praticamente paralisado desde o início do governo Bolsonaro após a demissão de seu presidente, Alecxandro Carreiro.

Araújo indicou o embaixador Mario Vilalva, com apoio de militares, mas também nomeou para diretorias da Apex pessoas ligadas ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho. Durante as últimas semanas, o clima entre as duas alas piorou.

Na última quinta-feira, o GLOBO revelou que diretores instalaram uma porta que barra acesso do presidente da agência à ala onde ficam as diretorias. A disputa entre as duas alas na Apex é mais um dos sinais do conflito interno entre olavistas e militares no governo e coloca o chanceler em situação similar à do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, demitido nesta segunda-feira após uma série de demissões no segundo escalão do ministério.

Na Fiesp, o chanceler afirmou que a demissão de Vélez que, assim como ele, também foi inicialmente vinculado ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho, não o preocupa. Para Araújo, a escolha por Abraham Weintrab é excelente.

— Eu não fico preocupado. Admirava muito e conheço o Weintrab, acho que será um excelente ministro. Não vejo muito essa questão de alas no governo — afirmou.



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