RIO – Estudo do Banco Mundial, divulgado nesta quinta-feira intitulado “Os efeitos dos ciclos econômicos nos indicadores sociais da América Latina. quando os sonhos encontram a realidade”, analisou os efeitos da crise sobre os mais pobres na América Latina e Caribe e as medidas para amenizar os impactos de recessão. O Banco Mundial prevê que a região vai crescer 0,9% este ano, ligeiramente acima de 2018, quando a região crescera 0,7%. A recessão na Argentina _ previsão do banco é de queda do PIB de 1,3% este ano _ e a depressão na Venezuela _ queda estimada do PIB de 25%_ jogaram para baixo as previsões de crescimento na região. A América do Sul crescerá apenas 0,4% este ano, nas previsões do banco. Para 2020, prevê 2,1%
“As perspectivas de crescimento para este ano não mostram uma melhora substancial em relação a 2018, como consequência do crescimento débil ou negativo nas três maiores economias da região _ Brasil, México e Argentina _ e do colapso total na Venezuela, onde se espera que o PIB caia 25%. Estima-se que a América do Sul cresça somente 0,4% em 2019, subindo para 1,8% se excluir a Venezuela“, diz o relatório.
_ Programas sociais que atuam como amortecedores de choque durante as crises econômicas são comuns em países desenvolvidos, mas não são suficientemente difundidos em nossa parte do mundo _ afirma
Carlos Végh, Economista-Chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe
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Essa agenda social pendente é necessária para garantir que as pessoas que saíram recentemente da pobreza não retrocedam.
O Banco analisou o comportamento de três indicadores- taxa de desemprego, pobreza e necessidades básicas insatisfeitas, calculando o quanto o ciclo econômico mexe com essas variáveis. Pelas contas do organismo, 74% do desemprego podem ser explicados pelas oscilações econômicas. O comportamento é o inverso quando se observa o peso dos períodos de crescimento e recessão no indicador de necessidades básicas insatisfeitas. Somente 21% das variações são causadas pelos ciclos econômicos nesse quesito. Em relação à pobreza, 43% da queda ou avanço do indicador são explicados pelos altos e baixos da economia.
O organismo internacional prevê crescimento para o Brasil de 2,2% este ano e 2,5% em 2020, mesma projeção do início do ano – o banco não fez novos cálculos para o PIB. O relatório destaca o déficit fiscal do Brasil de 6,9% do PIB previstos para este ano, da dívida pública que corresponde a 80% do PIB e das incertezas quanto à aprovação da reforma da Previdência.
“o recente aumento da pobreza por causa da recessão aponta para os grandes efeitos que os ciclos econômicos têm sobre a pobreza. os indicadores sociais que são muito sensíveis ao ciclo de negócios podem produzir uma imagem altamente enganosa dos ganhos sociais permanentes na região”, diz o relatório.
O estudo, que também trouxe análises sobre a chamada Década de Ouro, título dado para o período entre 2003 e 2013, quando houve forte crescimento na região, mostrou que a queda da pobreza no Brasil nesse período deveu-se a três fatores – 33% vieram por redistribuição de renda, 54% foram conseguidos com o ciclo econômico favorável e 13% por tendências inerciais.
O relatório mostra que o gasto com transferências condicionadas, como o Bolsa Família, tem efeito de amortecer os efeitos da recessão. Enquanto o PIB desabava entre 2014 e 2016, os gastos reais com essas políticas se mantiveram, após uma queda em 2014.
“Se o objetivo é que as transferências condicionadas mitiguem a pobreza estrutural não se deve reduzir o gasto real repentinamente para proteger os grupos mais vulneráveis, como fizeram Argentina e Brasil“