O porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira, 22, que o presidente Jair Bolsonaro será bem recebido pela população de Vitória da Conquista, na Bahia, onde inaugurará nesta terça o aeroporto Glauber Rocha. De acordo com ele, o governo não identificou potenciais protestos contra o presidente.
Rêgo Barros disse também que Bolsonaro afirmou que os nordestinos representam a força do povo brasileiro, “que superam adversidade de toda ordem, sendo exemplo de gente resiliente e trabalhadora”.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou nesta segunda-feira, 22, que não irá mais participar da inauguração. Ele gravou um vídeo nas redes sociais para dizer que o evento se transformou em uma “convenção político-partidária” e que não está de acordo com isso.
Segundo o porta-voz, Bolsonaro destacou que é importante inaugurar uma obra como esta, que irá gerar um estímulo ao turismo e à economia local. Sobre eventuais críticas ao presidente ou até mesmo protestos, Rêgo Barros disse que Bolsonaro é “ovacionado” em todo lugar.
“Em qual cidade nosso presidente chega e não é ovacionado? Em todas. E não seria diferente na cidade onde temos apreço pelo prefeito e pelo povo”, disse.
Na semana passada, Bolsonaro chamou a região Nordeste de “paraíba” e disse que o governo federal não devia ter “nada” para o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). No fim de semana, porém, o presidente amenizou a situação ao dizer que a região é sua terra e que ele pode andar por qualquer lugar do território brasileiro.
Apoio ao porta-voz
Após críticas do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), o presidente sinalizou apoio ao porta-voz da Presidência. Pela manhã, em conversa reservada, o presidente reafirmou ao porta-voz que quer manter os cafés da manhã com jornalistas organizados periodicamente pela equipe de Rêgo Barros.
Questionado, o porta-voz confirmou a conversa com o presidente e contou que Bolsonaro “deu suporte” para que ele mantenha o relacionamento com a imprensa.
“Sim, conversamos hoje pela manhã com o senhor presidente, que nos deu suporte a mantermos esse relacionamento com imprensa, a provermos mais cafés da manhã. Estamos estudando, em consórcio com a Secretaria de Comunicação (Secom), melhores formas de estabelecer esse relacionamento com o senhor presidente a fim de que haja de fato uma maior interação”, disse.
Nesta segunda-feira, Carlos negou que esteja fazendo qualquer tipo de ataque ao porta-voz, mas voltou a criticar o “modus operandis” da comunicação. No último final de semana, o filho do presidente Jair Bolsonaro disse que os cafés da manhã com jornalistas são usados pela imprensa para “prejudicá-lo”. A agenda é organizada pela equipe do porta-voz.
“Não critico homens mas modus operandis, me colocando sempre em situações difíceis. Quando a militância espontânea cansar de defender o Governo, que faz um bom trabalho, nada sobrará, pois sua comunicação é e pelo jeito continuará sendo ruim e então seremos massacrados pela mídia”, escreveu Carlos no Twitter ao compartilhar notícia sobre a ordem dada pelo presidente para que os encontros com a imprensa sejam mantidos.
Ao ser indagado diretamente sobre as falas de Carlos, o porta-voz disse que não vai comentar o assunto. Segundo pessoas próximas, ele ficou “chateado” com as críticas e com o resultado do café da manhã de sexta-feira, que foi cercado de polêmicas. Apesar disso, vai seguir o silêncio adotado pelo ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que também foi alvo de ataques do filho do presidente.
Ontem, Bolsonaro minimizou críticas feitas por seu filho e pelo deputado Marcos Feliciano (Pode-SP), em relação aos cafés da manhã que tem realizado periodicamente com jornalistas no Palácio do Planalto. Ele afirmou que os encontros serão mantidos apesar de muita gente ser contra e elogiou o porta-voz.
“Ele é uma pessoa que tem tratado com muito zelo, muita preocupação. Ele ajudou a me convencer para esses cafés, tive críticas de muitas pessoas achando que eu devia ignorar vocês. Às vezes a manchete é péssima, mas a matéria é boa, e eu estou na máxima ‘verdade acima de tudo’”, disse o presidente.
Carlos e Marco Feliciano afirmaram nesta semana pelo Twitter que os jornalistas tiram de contexto o que é dito pelo presidente nos encontros. “A princípio está mantido. Apesar de uns chatos de vocês, a gente suporta e eu acho que vale a pena. Se eu desse uma entrevista, uma pessoa poderia distorcer, mas várias não”, disse.
Inpe
Rêgo Barros afirmou também, em pronunciamento nesta segunda, que o presidente não adiantou a ele qualquer informação sobre a possibilidade de demissão do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão.
Na semana passada, o presidente criticou o órgão pela divulgação dos dados que mostram alta do desmatamento na Amazônia. Na última sexta, ele afirmou que os dados eram mentirosos e acusou Galvão de estar a “serviço de alguma ONG”.
No fim de semana, o presidente afirmou que o desmatamento precisa ser combatido e não ser usado para “fazer campanha contra o Brasil” porque publicar dados alarmantes “prejudica” o País.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Galvão afirmou que o presidente fez “comentários impróprios” e “ataques inaceitáveis” que mais parecem “conversa de botequim” e disse que a atitude dele foi “pusilânime e covarde”. O pesquisador ainda desafiou o presidente a repetir os comentários olhando nos olhos dele e disse que não pediria demissão.
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