Em 30 dias, números da covid-19 no Rio oscilam e preocupam especialistas

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Em pouco mais de um mês, o mapa dos principais indicadores do coronavírus na cidade do Rio revela que a pandemia está longe do fim. Um levantamento do GLOBO aponta que, logo depois do início do afrouxamento da quarentena, parte de cinco indicadores da doença — total de casos, óbitos, taxa de contágio, ocupação de leitos e índice de isolamento social — desacelerou na primeira semana, voltou a subir na segunda, ficou mais estável na terceira e, lentamente, começou a cair de novo. Para os especialistas, o cenário de sobe e desce de casos e mortes não dá garantias de trégua. Eles acreditam que pode acontecer outro crescimento exponencial e que, nesta hipótese, as áreas mais atingidas seriam as favelas.

Com a transmissão ainda longe de ter sido interrompida, a preocupação aumenta depois de cenas como as do último fim de semana, de bares lotados no Leblon e na Barra da Tijuca e de festas em comunidades do subúrbio. O impacto das medidas de flexibilização anunciadas pelo prefeito Marcelo Crivella vai depender dos cuidados que serão incorporados pela população. Nesta terça-feira, a taxa de isolamento em Ipanema e Leblon, por exemplo, caiu para 5,4%, embora já tenham girado em torno de 50%.

“Nem aqui, nem na Europa ou nos países do Oriente tivemos imunidade de rebanho. Há muita gente suscetível à doença. Principalmente nas regiões mais vulneráveis, como as favelas e presídios, que podem ter surtos localizados”, afirma o sanitarista e geógrafo Christovam Barcellos, coordenador do Monitora Covid-19 da Fiocruz, ressaltando que um recrudescimento dos casos de Covid-19 não afetaria apenas essas áreas. “A capital pode ser tornar uma difusora do vírus para outros municípios”.

Aglomerações preocupam

Além da Zona Sul, o isolamento também está em queda em outras áreas da cidade, o que exige ainda maior cuidado com as “regras de ouro” de distanciamento e higienização. De acordo com dados da empresa Cyberlabs, nest terça, na capital, a taxa média de isolamento foi de 30% — a mais baixa já registrada — contra um índice de 74% há um mês. O total de testes positivos para o vírus, que era de 7.522 na semana de 31 de maio a 6 de junho, passou para 5.708 de 7 a 13, mas voltou a crescer para 8.718 de 14 a 20. E, mais uma vez, reduziu para 5.157 de 21 a 27 junho e 4.747 de 28 de junho a 4 deste mês. Nos mesmos períodos, as vítimas fatais foram, respectivamente, 876, 592, 798, 575 e 503.

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O infectologista Roberto Medronho, do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ, chama atenção para o momento crucial em que a população deve contribuir para evitar uma retomada do crescimento da transmissão da Covid-19. Ele sugere mais rigor na fiscalização por parte da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Essa preocupação persiste sobretudo por conta da taxa de contágio (R), que já indica uma mudança de tendência. Nos cálculos da UFRJ, a taxa de contágio está hoje em 1,42 — estatisticamente, significa que uma pessoa pode infectar uma pessoa e meia. Antes da retomada de parte das atividades, o índice era de 1,03.

“Felizmente, esse crescimento se mantém lento, e a abertura não impactou até agora o número de casos graves, que precisam de UTI. Mas as cenas dos últimos dias, de bares cheios, são disparadas as mais tensas. Fico chocado. As pessoas debochando da pandemia é de uma falta de empatia assustadora”, diz.

Segundo o painel da prefeitura, a boa notícia é que, na capital, a taxa de ocupação dos leitos de UTI adulta para Covid-19 do SUS vem caindo paulatinamente desde o fim de maio. A primeira semana de junho fechou em 91,6% (média de sete dias). Na semana passada, encerrada em 4 de julho, caiu para 72,8%. Na rede privada, calcula a Associação de Hospitais do Estado do Rio (Aherj), está ainda mais baixa: 53%.

Crescimento horizontal

O infectologista Celso Ramos Filho, da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Medicina, ressalta que nem isso é motivo para relaxar. Ele diz que a popularização do uso de e máscaras, a facilidade de acesso ao álcool em gel e o grande número de pessoas que seguem em
home office
podem ser fatores que ajudam a frear o ritmo da contaminação pela doença, mas há ressalvas.

“Podemos estar vivendo uma fase de crescimento horizontalizado da doença, que chamamos de fase lag (defasagem, em inglês). Depois, pode ocorrer a fase exponencial, com multiplicação mais rápida. Se isso ocorrer, para mim, não seria propriamente uma segunda onda, mas um primeiro ciclo que não foi adequadamente controlado”, observa o médico.

Subsecretário Geral Executivo da Secretaria municipal de Saúde (SMS), Jorge Darze afirma que não se pode ignorar que a progressão da retomada da economia, com mais gente nas ruas, pode ter efeito sobre a curva do coronavírus na cidade. Nessa hipótese, não descarta que seja necessário dar um passo atrás no afrouxamento das restrições:

“Seguimos monitorando se há aumento da demanda de pacientes com síndrome gripal, de sepultamentos e de pessoas à espera de UTI”.

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