Uma espécie de dinossauro herbívoro que viveu há 140 milhões de anos, dotado de espinhos defensivos no pescoço e nas costas, foi descoberta na Patagônia argentina, região conhecida como o “parque jurássico” do Hemisfério Sul.
A descoberta foi publicada nesta segunda-feira (4) na seção Relatos Científicos da revista Nature.
Chamado Bajadasaurus pronuspinax, o dinossauro pertence à família dos dicraeosauridae. Uma reprodução de seu pescoço espinhoso foi exibida no Centro Cultural da Ciência de Buenos Aires.
“Acreditamos que os longos e pontiagudos espinhos, extremamente longos e finos, no pescoço e nas costas do Bajadasaurus e do Amargasaurus cazaui (outro dicraeosauridae) deviam servir para dissuadir possíveis predadores”, indicou Pablo Gallina, pesquisador adjunto do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet) e da Fundação Félix de Azara da Universidade Maimónides.
Os saurópodes eram quadrúpedes que viveram entre o Triássico Superior e o final do Cretáceo Superior, caracterizados por seu grande tamanho e pelo comprimento de seu pescoço e rabo.
“Achamos que se (os espinhos) fossem apenas estruturas de osso nuas ou forradas unicamente de pele poderiam ter sofrido rompimentos ou fraturas facilmente com um golpe, ou ao serem atacados por outros animais”, acrescentou Gallina.
Portanto, o paleontólogo sugeriu que “esses espinhos tiveram que ser protegidos por uma camada córnea de queratina, semelhante ao que acontece nos chifres de muitos mamíferos”.
O Amargasaurus cazaui habitou o continente sul-americano cerca de 15 milhões de anos após o Bajadasaurus. Ambas as espécies foram descobertas na província de Neuquén, 1.800 quilômetros a sudoeste de Buenos Aires.
Na região foi encontrado em 1993 o Giganotosaurus carolinii, considerado o maior dinossauro carnívoro de todos os tempos. A região da Patagônia é palco de frequentes descobertas paleontológicas.
Atração sexual
“Algumas hipóteses indicam que os espinhos (de dicraeosauridae) serviam de suporte para uma espécie de vela que regulava a temperatura corporal dos dinossauros ou que formavam uma crista de exibição que lhes dava mais atrativo sexual”, indicou o Conicet em comunicado.
O organismo disse que “especularam, por exemplo, que essas espécies podem ter tido uma corcunda carnuda entre os espinhos que servia para armazenar reservas”.
“Outra presunção é que os espinhos estavam cobertos com revestimentos de chifre que cumpriam uma função defensiva contra possíveis ataques”, acrescentou a agência.
O crânio do Bajadasaurus é o mais bem preservado que se conhece de um dicraeosauridae. “Seu estudo sugeriu que esses animais passavam grande parte do seu tempo alimentando-se de plantas do solo, enquanto suas órbitas oculares, perto do topo do crânio, permitiam que controlassem o que acontecia no seu entorno”, disse o Conicet.
O nome da espécie se deve ao fato de ter sido encontrada na cidade de Bajada Colorada, com a participação do Museu Paleontológico Ernesto Bachmann de Villa El Chocón.