Nos últimos tempos, internautas relatam nas redes sociais a volta do “desafio Momo” na internet. A “brincadeira”, que circulou na web no meio do ano passado, envolvia a incitação de suicídio a jovens por meio de mensagens do WhatsApp vindas de um número estrangeiro.
A imagem que estampou os episódios é de uma escultura feita por artista japonês, que foi exposta em uma galeria em Tóquio em 2016, e começou a ser usada como uma espécie de “bicho-papão” das redes, a Momo. Dessa vez, o desafio teria voltado a aparecer em meio a vídeos infantis, junto com uma voz que mostra objetos que poderiam ser usados para cortar os pulsos.
Usuários relataram que seus filhos viram vídeos com o conteúdo em uma plataforma do YouTube voltada exclusivamente para o público infantil, o YouTube Kids. A situação ganhou grandes proporções quando uma reportagem publicada pela revista Crescer contou a história de uma mãe que afirmou que vídeos com o desafio estariam presentes no Kids.
A plataforma, no entanto, negou que qualquer tipo de produção que incita ao suicídio possa estar hospedada no YouTube. “Esses vídeos nunca estiveram no Kids”, afirmou o gerente de comunicação do YouTube na América Latina, Cauã Taborda, em entrevista a VEJA SÃO PAULO.
Segundo ele, a plataforma tem um rígido controle de conteúdo, no qual após passar pelo algoritmo de detecção de conteúdo impróprio, os vídeos estão sujeitos também a inspeção manual.
Para Taborda, pode ter ocorrido uma confusão por parte dos pais. “Se você digitar Momo no YouTube, vão aparecer diversos vídeos explicando o fenômeno, o que não significa que eles incitam ao suicídio, a imagem da personagem não é proibida”, afirma. “Precisamos também explicar que o YouTube e o YouTube Kids são duas plataformas diferentes, dois aplicativos diferentes.”
No Kids, o conteúdo é direcionado a um público de até 13 anos. Os pais podem, por exemplo, controlar o tipo de assunto que os filhos acessam, bloquear canais e vídeos específicos e ter também acesso remoto ao histórico. “Saber o que é a Momo não é uma evidência de que viu o vídeo no Kids, eu também recebi os vídeos por WhatsApp”, conta Taborda.
O caso foi parar no Ministério Público da Bahia, que divulgou que “instaurou procedimento para apurar os fatos relacionados a vídeos possivelmente disponibilizados em plataformas e compartilhados em redes sociais com conteúdo direcionado a crianças e uso do personagem ‘Boneca Momo’”.