A empresa de escritórios compartilhados WeWork era até semanas atrás uma das mais incensadas startups de tecnologia do planeta. Havia revolucionado o mercado de escritórios corporativos com espaços modernos, baratos e sob medida para a demanda dos profissionais do século 21. Em três anos, a WeWork recebeu 8,6 bilhões de dólares de investimentos — juntando os compromissos futuros, apenas o fundo de investimentos japonês Softbank tem 10,6 bilhões comprometidos com a companhia. O WeWork caminhava para fazer em setembro uma das maiores aberturas de capital do ano, com valor de mercado estimado em 47 bilhões de dólares.
Mas o escrutínio de investidores fez com que a carruagem do WeWork virasse abóbora. De uma hora para outra as qualidades da empresa evaporaram e seu modelo de negócios passou a ser contestado. A companhia, afinal, teve 1,6 bilhões de dólares de prejuízo para um faturamento de 1,8 bilhão de dólares em 2018. E não conseguiu mostrar aos investidores um plano consistente para sair do vermelho. A estratégia da companhia começou a ser resumida como alugar imóveis e sublocá-los por valores menores para outros inquilinos. Um negócio impossível de parar de pé.
Pior: o estilo de gestão de seu excêntrico fundador Adam Neumann passou a ser analisado com lupa. Até então, ele encarnava o típico empreendedor visionário: ambicioso, excêntrico, mestre em narrativas e em inspirar funcionários. Mas o que veio à tona em reportagens nos últimos dias foi um dos mais surreais apanhados de assédio moral e falta de escrúpulos da história do capitalismo americano. A soma das deficiências fez com que o WeWork passasse a valer no máximo 10 bilhões de dólares segundo as mais recentes estimativas.
A companhia pode até conseguir levar adiante sua abertura de capital nas próximas semanas. Mas já entrou para a história como símbolo de uma era em que o crédito barato turbinou negócios e empreendedores imaturos. A empresa de transportes Uber foi à bolsa com problemas semelhantes ao WeWork em maio e, desde então, perdeu 22% de seu valor de mercado. Após o fracasso da gigante de escritórios, quem se habilitará? A seguir, um apanhado das mais surreais histórias de uma empresa que, no melhor e no pior, virou símbolo de 2019.
Milhões pela palavra “We”
O fundador do WeWork, Adam Neumann, recebeu incríveis 5,9 milhões de dólares da companhia pelos direitos de uso da palavra “we” (nós, em português). O pagamento foi feito quando a companhia mudou sua marca de WeWork para The We Company, como preparativos para o IPO. A marca We pertence a uma companhia de propriedade de Neumann. Depois de revelado, o acordo de pagamento foi desfeito.
Prédios alugados
Adam Neumann construía e alugava edifícios para o WeWork, o que levava a um grande conflito de interesses. Entre 2016 e 2017 ele faturou 12 milhões de dólares com a estratégia. Segundo a empresa, ele tinha participação em apenas quatro dos 400 endereços utilizados. O problema: as obrigações de leasing futuras com os quatro empreendimentos chegam a 236 milhões de dólares. Ele também criou um estrutura organizacional em que pagaria menos impostos que outros acionistas, além de ter pego resgatado algo como 700 milhões de dólares tendo suas ações como garantia.
Sonhos presidenciais
Israelense de nascimento, Neumann chegou a cogitar fazer lobby para mudar a constituição dos Estados Unidos de modo que no futuro ela pudesse concorrer à presidência. Um interlocutor lhe sugeriu concorrer a prefeito ou governador, segundo o site Business Insider. Neumann respondeu que, uma vez atingido seu grau de sucesso, só a presidência interessava. Um plano B seria ser eleito primeiro-ministro de Israel. Neumann também pretende, segundo o Wall Street Journal, viver para sempre e ser o primeiro trilionário do planeta.
Demissão sem aviso
Richard Markel, ex-vice-presidente de construção na costa leste dos Estados Unidos, contou ao site Business Insider que um dia chegou para trabalhar e descobriu que todas suas reuniões haviam sido canceladas. Quem participaria delas era outro executivo, 20 anos mais jovem, Lincoln Wood. Dois meses depois, e 20 dias antes de que seu primeiro pacote de ações passasse a valer, ele foi demitido — por Wood, claro.
Demissão com tequila
Rebekah Neumann, executiva da companhia e mulher de Adam, exigiu a demissão de funcionários após apenas alguns minutos de conversa por não ter gostado de sua “energia”, segundo o Wall Street Journal. Ela também teria exigido a demissão anual de 20% da equipe. Para atenuar o clima, Adam Neumann levava bebidas tequila para compartilhar com os demitidos. Em um episódio, também organizou um show de hip hop para os ex-funcionários.
Festa obrigatória
Os funcionários do WeWork eram obrigados a participar de uma festa de vários dias, em que podiam levar seus acompanhantes. A ideia era aumentar o espírito de equipe. Mas ex-funcionários dizem que o evento era uma grande orgia. Em meio a poucas apresentações havia atividades como degustação de uísque, yoga e escalada. Bebidas alcóolicas eram liberadas 24 horas por dia, e os empregados dormiam em tendas e assistiam a shows de noite. O acampamento não foi mais realizado desde 2018.
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