COVID-19: indústria brasileira começa a 'sentir' os efeitos da doença

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Empresas de eletrônicos do Brasil já começaram a sentir os efeitos da epidemia de COVID-19. O novo coronavírus provocou muitos danos às empresas chinesas, assim como todas aquelas que dependem da produção de fábricas asiáticas para garantirem seus produtos. Para conter o surto, muitas fabricantes chinesas fecharam as portas por tempo indeterminado.

Até mesmo gigantes da tecnologia, como a Apple, anunciaram que suas receitas serão menores do que o previsto inicialmente. No Brasil, as indústrias de eletroeletrônicos, principalmente, foram as mais afetadas. Um exemplo é a Multilaser, fabricante de eletrônicos sediada em Extrema (MG). A companhia projeta uma queda de 17% no abastecimento de componentes importados.

Alexandre Ostrowiecki, presidente da Multilaser, afirmou que isso já era previsto. “Essa é a perda esperada até agora por causa do que já aconteceu”, comentou. Porém, esse cenário ainda pode se agravar, caso a produção não seja retomada em breve. A Multilaser possui 450 fornecedores na China.

Apesar do impacto, a reserva de produtos da empresa ainda pode aguentar mais algum tempo. A Multilaser trabalha com estoque de seis meses, então o fornecimento de novos componentes só começará a ser afetado a partir de abril. “O quão grave isso vai ser depende de como a doença vai se desenvolver”, contou Ostrowiecki.

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Reprodução

Mas a Multilaser não é a única empresa a sofrer com a falta de produção nas fábricas da China. Outras companhias do Brasil têm tomado medidas preventivas e de contenção de danos, como a adoção de férias coletivas para seus funcionários. Os empregados da Flextronics, empresa responsável pela fabricação dos celulares da Motorola no país, foram informados na virada do mês de janeiro para fevereiro sobre a dispensa temporária.

Até que o fornecimento seja retomado, os trabalhadores da unidade de Jaguariúna, no interior de São Paulo, estarão em férias coletivas. A planta de Sorocaba, também no interior paulista, segue com suas atividades normais.  A paralisação afeta 80% das atividades da fábrica. Isso equivale a mais de 1,5 mil funcionários dispensados temporariamente.

Os fabricantes de eletroeletrônicos dependem muito da produção chinesa. Para TVs, por exemplo, os componentes importados da China representam 60% do total de peças. Em linhas de eletroportáteis, esse número varia entre 30% e 50%.

De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão, o risco de falta de insumos é maior para fabricantes de itens de informática e celulares, que trabalham com estoques menores. A indústria automobilística também está ameaçada.

Os fabricantes têm pouco tempo para se adequar, e é muito difícil trocar de fornecedor de uma hora para outra. Assim, é bem provável que aconteça um grande declínio na produção brasileira em algumas semanas.



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