Fevereiro de 2024. A Foxconn, o maior fabricante terceirizado de eletrônicos do mundo, compra terras no valor de US$ 27 milhões no estado de Jalisco, no México.
Mas o que raios teria em Jalisco, além de belas praias e da gigante Guadalajara? Eu respondo: tecnologia e geopolítica.
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Segundo fontes ouvidas pelo americano The Wall Street Journal, a aquisição de terras faz parte de um plano de expansão das atividades da Foxconn para fora da China.
Ela, aliás, não é a única empresa de tecnologia ou taiwanesa que tenta deixar o território chinês em busca de espaço em outro continente. São os casos também de Pegatron, Wistron, Quanta, Compal e Inventec.
Somente a Foxconn disse ter investido cerca de US$ 690 milhões no México nos últimos quatro anos. Essas terras em Jalisco devem virar um complexo de fábricas para ampliar a produção de servidores de Inteligência Artificial da empresa.
Uma questão geopolítica
Mas por que a Foxconn, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, vai diminuir suas operações na China para ampliar as funções no México?
- É aí que entra a geopolítica.
- A Foxconn tem entre seus clientes gigantes como a Amazon, o Google, a Microsoft, a NVidia e a Apple.
- De acordo com o Wall Street Journal, algumas das maiores empresas americanas começaram a pedir aos seus parceiros industriais de Taiwan que aumentassem a produção de hardware relacionado com IA no México.
- O motivo? Diminuir a dependência da China.
- As big techs procuram evitar repetir a história do smartphone depois que ele decolou, há cerca de 15 anos.
- Grande parte da fabricação principal de smartphones e suas peças começou na China – e por lá continuou.
- Hoje, muitas empresas são dependentes dos chineses nesse aspecto.
- Como a aposta do mercado é na IA, os executivos querem evitar a repetição do que consideram hoje um erro – apesar da mão-de-obra chinesa ser mais barata.
Mas por que o México?
A busca por uma alternativa ao famoso “made in China” fez do México a bola da vez. Primeiro porque o país faz parte de um acordo de livre comércio ao lado dos Estados Unidos e Canadá.
Esse acordo passou a vigorar em 2020 e já atraiu bilhões de dólares americanos de empresas que tentam depender menos da China.
Esse fenômeno tem até um nome: o “nearshoring”, ou seja, a transferência de atividades comerciais para países geograficamente mais próximos à nação de origem da companhia.
O México também investiu bastante em infraestrutura nos últimos anos. Apesar da presença forte do crime organizado, as estradas e outros meios de transporte melhoraram bastante na última década.
As empresas taiwanesas de tecnologia e focadas em IA representam apenas uma parte desse processo de transformação do país.
O México tem, hoje, 14 acordos de livre comércio com 50 nações de todo mundo. Esses pactos atraíram fabricantes de automóveis da Ásia, da Europa e dos EUA, e transformaram o México no quinto maior exportador de automóveis do planeta.
Alguns fabricantes de veículos elétricos, incluindo a Tesla, pretendem abrir fábricas no México no médio prazo.
Segundo Francisco Cervantes, presidente da associação de empresários mexicanos, a estrutura industrial do país “será modificada drasticamente nos próximos 10 anos”.
As informações são do Wall Street Journal.
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