Investidores estarão de olho nas ações da gigante de tecnologia Apple nesta sexta-feira, depois do anúncio, na noite de ontem, da saída do chefe de design da companhia, Jony Ive. Ive, braço direito do fundador da Apple, Steve Jobs, e personagem fundamental na construção da Apple, deixará a companhia até o final do ano para mondar seu próprio estúdio, o LoveFrom.
Ive trabalhou por mais de 20 anos na Apple, onde liderou o desenho de produtos como iPod, iPhone, iPad, MacBook e iMac. Prestigiado dentro e fora da empresa, ele terá a fabricante do iPhone como primeira cliente de seu estúdio. Ao jornal britânico Financial Times, Ive disse que já completou os projetos importantes que queria realizar.
Soou como o fim de um ciclo. E é essa a grande dúvida de analistas e investidores que acompanham a companhia. O que vem agora? A saída de Ive escancara os dilemas da companhia liderada por Tim Cook: qual será o carro-chefe da Apple depois do iPhone, o produto de consumo mais bem-sucedido da história?
O anúncio da saída fez as ações da companhia caírem 1,5% na madrugada, e há grande expectativa para o pregão desta sexta-feira. As vendas de iPhones caíram 17% no último trimestre, e devem manter a curva descendente. As vendas de novos produtos, como o Apple Watch e fones de ouvido sem fios, crescem, mas não a ponto de entusiasmar. Uma aposta promissora são os serviços na nuvem, outra é o conteúdo. Ambas colocam a Apple num terreno novo, correndo atrás de concorrentes como Amazon e Netflix.
Dinheiro não há de ser problema: a Apple tem mais de 130 bilhões de dólares em caixa. Mas, sem Ive, as dúvidas sobre a capacidade da Apple de investir mirando o futuro tendem a crescer.