Por Alessandra Montini*O período eleitoral de 2020, em que escolheremos os próximos prefeitos e vereadores dos municípios brasileiros, nunca coincidiu tanto com um momento tão caótico como o que estamos vivendo. Em meio a uma mistura de isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus e os prós e contras de se defender uma vacina, os eleitores foram colocados à beira do caos. Neste cenário, ainda existe um novo personagem que pode acirrar ainda mais esses conflitos: a inteligência artificial.É claro que ela pode ajudar em muitas coisas, inclusive nas eleições. Entretanto, se usada de maneira errada e desonesta, pode causar um enorme mal-estar social. Segundo estudo da FGV/DAPP, cerca de 20% das discussões envolvendo política nas redes sociais são motivadas por bots.Nas eleições americanas de 2016 foi confirmado que Donald Trump foi eleito com a massiva ajuda de mais de 50 mil robôs. De acordo com informações reveladas pelo Twitter ao governo dos Estados Unidos, contas automatizadas na rede social compartilharam as mensagens do atual presidente americano 470 mil vezes durante os meses finais das eleições dos Estados Unidos.Os retweets vieram de contas ligadas a grupos russos, que também retweetaram mensagens da candidata Hillary Clinton, mas em um número consideravelmente menor: 50 mil.Tudo isso pode ofuscar os limites entre fato e fake, afetando os debates e as campanhas eleitorais. Além disso, os candidatos ainda podem usar a IA para difamarem seus opositores em vem de utilizá-la para propagar suas propostas e projetos. Em tempos de tantas incertezas, separei algumas dicas para não cair em discurso falso causado pelo mau uso da Inteligência Artificial: – Desconfie de tudo que recebe nas redes sociaisPor meio das redes sociais, recebemos uma série de correntes, mensagens, áudios ou vídeos ilegítimos, causando pânico na população e que podem, inclusive, colocar vidas em risco. Essas notícias são disseminadas facilmente pela internet e chegam a um grande número de pessoas.Os deepfakes, por exemplo, são capazes de gerar fotos e vídeos colocando pessoas em cenas e situações onde nunca estiveram antes. Existe um modele de rede neural que também é capaz de clonar a voz em cinco segundos. Por isso, se você receber mensagens dessa maneira, em vários grupos do WhatsApp ou em outras redes sociais, desconfie! O ideal é procurar informações sobre seu candidato em páginas oficiais. – Apure as informações recebidasÉ muito comum recebermos fake news que vão ao encontro do pensamento da maioria. Assim, é mais fácil reforçar essa ideia e espalhar ainda mais. Qualquer que seja a notícia, é interessante checar a origem e o contexto. Pode ter até notícias verdadeiras de algum político, mas que foi publicada há muito tempo e não condiz com o momento atual. A melhor saída é sempre apurar! – Utilize sites de pesquisa para descobrir se é falso ou verdadeiroTemos a nosso dispor uma série de sites de busca que podem nos trazer informações mais precisas sobre o político em questão, suas propostas, seu passado, entre tantos outros dados. É claro que, nessa busca, também podemos encontrar informações falsas. Dê preferência para os sites confiáveis e que têm um trabalho sério com a credibilidade.Separando o joio do trigo, é possível usar e abusar dessa ferramenta! – Confira notícias em jornais e sites confiáveisE por falar em confiança, os veículos jornalísticos têm um compromisso com a verdade, caso não o façam, colocarão sua credibilidade em cheque. Procure os jornais e portais sérios que estão preocupados em trazer informações verídicas e fuja dos sites que até parecem jornalismo, mas camuflam as notícias com fake news. Há uma porção deles por aí e por isso é sempre bom lembrar que nem tudo que reluz é ouro. – Não compartilhe informações sem ter certezaSe você não seguiu nenhum passo anterior, não compartilhe a informação que recebeu. Caso contrário, você também pode ser um disseminador de notícias falsas. Até mesmo vídeos e imagens que parecem verdadeiros podem ser editados e trazer algo fora do contexto. As fake news se alimentam do compartilhamento iniciado pela inteligência artificial e estimulado pelos próprios usuários. *Alessandra Montini é diretora do LabData, da FIA**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Olhar Digital
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