O Brasil responde sozinho por quase um terço da produção global de café. O tradicional “cafezinho”, no entanto, já viu dias melhores e vai sofrer com o avanço das mudanças climáticas.
No estado de São Paulo, por exemplo, o crescimento de queimadas entre agosto a setembro, fim do período de seca, já afeta a produção e qualidade do grão. O café também está ficando mais sensível aos extremos do clima, ou seja, dias muito frios, secos ou quentes.
Confira o que pode acontecer e como os produtores planejam contornar os problemas.
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O que você precisa saber:
- O calor e o clima seco estão impactando a produção de café arábica em São Paulo.
- Entre os principais causadores do problema estão o desmatamento e as mudanças climáticas.
- As cidades produtoras estão com temperatura 1,2 °C acima da média no período de floração dos cafezais.
- Para salvar a produção café, produtores estão adotando novas técnicas.
- As informações são do Uol.
Futuro do café brasileiro em jogo
- A projeção para o futuro não é animadora. Teremos cada vez mais estações mais secas e quentes.
- Segundo modelos climáticos, serão 10 dias por mês a mais com temperatura acima de 34 °C em setembro e outubro até 2050 — justamente o período de floração dos pés de café.
- As chuvas também devem diminuir pelo menos 10% até lá.
As mudanças inclusive já começaram. As temperaturas em cidades produtores aumentaram 1,2 °C em média durante o período de floração desde 2010, apontam as projeções climáticas. A ocorrência de mais períodos de clima extremo faz com que os cafezais brasileiros também tenham cada vez menos tempo para se recuperar dos impactos, deixando as plantas vulneráveis e confusas.
“A planta não sabe como reagir (…) quebra totalmente a sua sequência lógica”, disse José Oscar Ferreira Cintra, produtor de café em Bragança Paulista (SP) ao Uol. O resultado é um café com menos qualidade e sabor, além de mais cafezais doentes, alerta o produtor.
Possíveis soluções
Considerando outra previsão da Universidade de Zurique que aponta que mais de 50% das terras não vão mais produzir café até o fim do século por conta das mudanças no clima, uma saída é a produção do grão em regiões mais altas e frias.
A migração para outras regiões menos tradicionais, no entanto, também não está livre de riscos: “A produção do café necessita de uma estrutura. Não é uma planta que você vai deslocando facilmente”, explicou Jurandir Zullo Junior, do Cepagri/Unicamp ao Uol.
Com tantas variedades de café, não há uma receita que funcionará para todos. Outra técnica de adaptação muito usada no Brasil é a irrigação nos períodos de seca e o sombreamento, que consiste em plantar árvores maiores entre os cafezais para criar sombra, diminuindo a temperatura do ar em até 0,6 °C, segundo um estudo da Unicamp.
Por fim, algumas fazendas produzem café e plantam agroflorestas. Essa abordagem também gera resultados positivos e pode pelo menos diminuir os efeitos das mudanças climáticas.
Quais espécies de café são cultivadas no Brasil?
- O Brasil produz especialmente café, a robusta e arábica.
- O segundo tem sabor mais marcante e costuma ser o preferido dos pequenos produtores. No entanto, é mais sensível ao calor.
- As variedades robusta e conilon, produzidas no Espírito Santo e Rondônia, são mais resistentes.
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