‘Cadê meu pai?’, repete filho de músico que viu o pai morrer após carro levar mais de 80 tiros de militares

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RIO — “Ele só repete: cadê meu pai? E eu não tenho resposta”. A frase dita pelo entregador Daniel Rosa, de 29 anos, filho do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, fala sobre o estado do irmão, de 7, que viu o pai morrer. O menino estava no carro da família, alvo de mais de 80 tiros disparados por militares, neste domingo, na Estrada do Camboatá, em Guadalupe, Zona Norte do Rio, na tarde deste domingo. Na ocasião, Sérgio Gonçalves de Araújo, de 59 anos, sogro de Evaldo, foi baleado. A mulher e a afilhada do músico nada sofreram.

— Eu estava voltando da casa da minha sogra, em de Belford Roxo (município da Baixada Fluminense) e passei pelo local. Nem parei, pois não fazia ideia do que estava acontecendo. Foi só quando cheguei em casa que um amigo falou que tinham matado meu pai. Meu mundo desabou — contou Daniel.

Chorando muito, ele disse estar revoltado com o que aconteceu e afirmou que, agora, quer lutar por justiça:

— Eles (os militares) têm que ser presos. Como pode fazer uma coisa dessas? Meu pai era um cara do bem, nunca fez uma maldade contra ninguém. E morrer assim? Com o carro cheio de tiros. Essa gente não pode ter arma na mão. São despreparados.

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CML e DH investigam

O caso é investigado pelo Comando Militar do leste (CML), que diz que toma depoimentos dos militares ouvidos na ação e tenta localizar e ouvir testemunhas civis. A Delegacia de Homicídios (DH) da capital também apura a morte.

O delegado Leonardo Salgado, da DH, disse, neste domingo, que “tudo indica” que os militares do Exército atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.

— Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares —  afirmou o delegado em entrevista à TV Globo.

Homenagens na web

Evaldo — que também trabalhava como segurança — recebe homenagens em redes sociais. O perfil do grupo Remelexo da Cor, do qual ele, conhecido como Manduca, fez parte, postou um texto em que chama de “pesadelo” a violência no Rio.

 

Sobrinho de Evaldo, Leverson Santos despediu-se do tio com um texto emocionado: “Nossa jornada na Terra é uma aventura sem roteiro, capaz de mudar de rumo a qualquer momento. Por isso é necessário viver intensamente todas as situações, todos os sentimentos… Não deixe para depois aquilo que pode ser realizado hoje! Afinal, nunca teremos a certeza do amanhã. Sei que você foi pra um lugar melhor, sei que um dia vou te encontrar”.



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