Brumadinho, 1 ano depois: os relatos de 10 pessoas afetadas pela tragédia

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tia-cortada Brumadinho, 1 ano depois: os relatos de 10 pessoas afetadas pela tragédia
<p><span style="font-weight:400;">“Perdi meu sobrinho, Claudio José Rezende, ele tinha 26 anos, tinha se formado em engenharia e trabalhava na Vale em Nova Lima e foi transferido para fazia pouco tempo. Ele morava comigo, todo dia ouço ele chamar, A cidade continua triste, parece que tem um buraco na gente esperando para ser preenchido. A dor é muito grande, eles tentam amenizar, mas o dinheiro não ameniza, a vida não tem volta.”</span></p><br><p>Neuza Rezende, 56</p>(Germano LüdersEXAME)
tia-cortada Brumadinho, 1 ano depois: os relatos de 10 pessoas afetadas pela tragédia
<p><span>“Hoje nossa vida é esperar.Queremos encontrar o corpo da minha filha. Os bombeiros estão procurando com boa vontade, trabalham com chuva e sol, eu agradeço. Perdi minha filha e meu genro. Tenho dois netos que ficaram órfãos de pai e mãe. É uma perda sem limite. Eles saíram para trabalhar sãos e satisfeitos  e foram enterrados vivos. Ela fez faculdade de direito e administração, trabalhava na Vale como analista. Dói muito, a Vale podia ter tido mais cuidado, porque eles gostavam de trabalhar na Vale, mas no final deu isso. Os meninos estão agora com 1 ano e 10 meses. É uma tristeza ver que não é a mãe e o pai deles que estão cuidando. Ao mesmo tempo, eles são alegria que nós temos.”</span><br /><br><span>Geraldo Resende, 62</span></p>(Germano LüdersEXAME)
tia-cortada Brumadinho, 1 ano depois: os relatos de 10 pessoas afetadas pela tragédia
<p><span style="font-weight:400;">"A barragem abalou a vida da gente. Não tenho nem certeza se vou ficar aqui, isso aqui mudou demais. Comprei para morar faz seis anos, e agora a gente vê que um já saiu, outro vai sair, é muito triste. Os vizinho estão vendendo o imóvel para a Vale, eu não sei mais nada, Eu não comprei isso aqui para vender. Tanta gente conhecida que morreu.” </span></p><p><span style="font-weight:400;"><br>Natalina dos Santos Porto Alves, 49, moradora do Parque da Cachoeira</span></p><p> </p>(Germano LüdersEXAME)
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<p><span style="font-weight:400;">“Minha família acabou. Perdi meu filho, Peterson Nunes, ele tinha 35 anos, trabalhava no almoxarifado na mina da Vale ia fazer um ano, deixou três filhos. Ouço ele me chamar. Hoje tomo remédio, minha filha e meu filho também”  </span></p><p><span style="font-weight:400;"><br>Malvina Nunes, 62</span></p>(Germano LüdersEXAME)
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<div dir="auto">"Sou do Córrego do Feijão. Uma prima minha morreu na barragem. A estrutura da minha casa ficou abalada e tive que sair de lá. Fiquei três meses morando em uma pousada. Já foram duas pousadas e agora essa casa. Estou aqui desde agosto, e já vou ter que sair, porque o proprietário pediu o imóvel. A minha casa era simples, mas era minha. Agora estou em um lugar desconhecido. Vivemos o dia 25 a cada dia, dá crise de desespero. A Vale não tem consideração com a gente. Eles estão fornecendo transporte para atendimento de saúde de quem foi atingido. Mas agem como se fosse uma mordomia. Agora tomo remédio para dormir. Quando preciso de transporte para atendimento psicológico, eu tenho que provar para eles que irei mesmo ao psicólogo. Ainda se acham no direito de exigir provas. É humilhante."</div><div dir="auto"> </div><div dir="auto"><br>Elizângela Gonçalves Maia, 40<br></div><div dir="auto"> </div><div dir="auto">"Eu morava no Córrego do Feijão, perto da área de trabalho dos bombeiros, via pedaços de corpos chegando todos os dias, não tive coragem de ficar lá. Estou vivendo de favor. Esse foi um ano de sofrimento. Passei minha gestação inteira sobrevivendo a crises de ansiedade. Tenho uma filha de 3 anos, ela sempre foi tranquila, agora ficou agitada, precisa de acompanhamento. Minha filha mais nova nasceu abaixo do peso, eu ganhei só quatro quilos durante a gravidez. Nossa família vivia junta, agora cada um foi colocado em um lugar. Eu não recebi o auxílio emergencial esse mês. Não sei como vai ficar. Quando precisamos de alguma ajuda da Vale, muitas vezes nos tratam com ironia, há muito descaso com a população.</div><div dir="auto"> </div><div dir="auto"><br>Núbia Natália Gonçalves, 35</div>(Germano LüdersEXAME)
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<p><span>"Eu nasci no Córrego do Feijão, tenho uma casa lá que usava para passar o fim de semana. Depois da queda da barragem, fiquei um tempo sem ir porque o caminho estava bloqueado. Quando consegui chegar, encontrei a casa saqueada. Levaram panelas, pratos, talheres, fogão, portas e os fios. Perdi muitos vizinhos e conhecidos. Minha prima perdeu dois filhos, minha irmã perdeu a filha. Vou visitá-las e não sei nem o que dizer."</span></p><br><p>Antônio Paulorinho, 70</p>(Germano LüdersEXAME)
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<p>“Estou saindo da consulta médica agora, ela me passou um remédio controlado, porque não estou conseguindo dormir. Muitos conhecidos e vizinhos morreram. Moro no Parque da Cachoeira [um dos bairros mais afetados], é muito barulho na minha casa, a noite toda caminhão, o ritmo mudou, estou com pressão alta, o coração acelerado. No meu quintal tenho vários pés de fruta, que não sei se posso usar. O principal problema para mim é a água. Lá eu usava poço artesiano. Agora a Vale entrega toda semana água. Mas não é suficiente, então às vezes uso do poço e corro risco."</p><br><p>Vera Lucia Simão Lopes, 75</p>(Germano LüdersEXAME)
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<p><span style="font-weight:400;">“Perdemos oito pessoas da família. Um sobrinho meu e oito primos, eram engenheiro, motorista, nutricionista. Minha família foi toda para o barro procurar os corpos. Todo lugar que vamos, pensamos neles, nos planos que cada um tinha, vivemos isso 24 horas. Imaginamos como foi a morte, fico com medo de qualquer barulho. Vivíamos em uma cidade pacata, hoje todo mundo está em depressão."  </span></p><p><span style="font-weight:400;"><br>Lenice Ferreira Magalhães e sua família</span></p>(Germano LüdersEXAME)
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<div dir="auto">Tenho vários conhecidos que morreram, foi muito impactante. No início foi preocupante para o comércio, não tinha movimento, não tinha pessoa na rua, tinha muita incerteza.  Depois que eles começaram a pagar a ajuda emergencial, melhorou, ficou até melhor do que era antes de cair a barragem. Vieram também muitas empresas para trabalhar na reparação, então isso criou muitos empregos. Mas nada ainda foi feito para reparar a perda econômica da cidade no futuro. Essa é minha preocupação. Por enquanto a cidade está recebendo auxílio, mas e depois quando parar? Quero saber como será no ano que vem."</div><div dir="auto"> </div><div dir="auto"><br>Marcelo de Souza Ferreira, 42</div>(Germano LüdersEXAME)
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<p><span style="font-weight:400;">"Esse ano foi um terror. Perdi filho e filha, nora e neto, Não é um luto normal. Todo dia ficamos sabendo de coisas que indicam que toda essa tragédia poderia ter sido evitada. É muito difícil aceitar, fico esperando entrarem pela porta da minha casa todo dia. Criamos um instituto, com foco principalmente em sustentabilidade, esse é o legado deles. Temos que ser ativos nessa situação toda, para mudar isso com propostas sólidas, isso não pode acontecer com mais ninguém." </span></p><p><span style="font-weight:400;"><br>Helena Taliberti, com o marido Vagner Diniz</span></p>(Germano LüdersEXAME)

 

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