São Paulo — Em entrevista à jornalista Leda Nagle, no YouTube, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o indicado para ocupar o posto de embaixador do Brasil nos Estados Unidos, na Embaixada de Washington, “tem que ser filho de alguém, então por que não pode ser meu?”.
Bolsonaro afirmou que Eduardo já deseja “há algum tempo” morar nos EUA, mas que foi convencido por ele a ficar no Brasil para disputar as eleições. “Agora apareceu essa oportunidade dada a nossa proximidade com a família Trump. O embaixador é um cartão de visitas”, disse o presidente.
O presidente também mencionou que Eduardo, neste momento, está nos Emirados Árabes Unidos tratando sobre questões diplomáticas e que tem vocação para a atividade.
“Tem tudo para dar certo. Por exemplo, ele me contou que nós não temos um adido militar lá nos Emirados Árabes. Já vou tratar desta questão aqui e, se houver interesse da nossa parte, mudamos isso”, comentou.
Quebra de tradição
A possível indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil nos Estados Unidos pode quebrar uma tradição dentro do Itamaraty, desde a redemocratização, de ter na embaixada em Washington, sempre um diplomata de carreira.
Desde o governo de José Sarney, o primeiro após a ditadura militar, todos os ocupantes do cargo saíram do Instituto Rio Branco, o centro de formação de diplomatas do Itamaraty.
Nepotismo
A eventual indicação de Eduardo para o cargo de embaixador do Brasil nos EUA levantou o debate sobre o nepotismo por parte de agentes públicos.
Bolsonaro já afirmou que a indicação de seu filho para a embaixada não configura nepotismo, uma vez que uma súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal (STF) leva à jurisprudência de considerar nepotismo apenas nomeações de parentes para cargos administrativos, e não para cargos políticos, o que seria o caso do cargo de embaixador.
O ministro do STF Marco Aurélio Mello, no entanto, afirmou que a eventual indicação é um “péssimo exemplo” e que pode ser enquadrado como nepotismo.
“É tanto direito que patrões contratam mínimo possível”
Na entrevista, o presidente também afirmou que os trabalhadores que estão reclamando da falta de emprego e que “criticam o patrão” deveriam tentar empreender para “ver como é barra pesada ser empresário no Brasil”.
O presidente disse, ainda, que já manifestou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, o desejo de criar um programa intitulado “Minha Primeira Empresa”.
Bolsonaro afirmou que sabe que a vida do trabalhador é difícil, mas que “a do empresário também é”. “É a mesma coisa com direitos trabalhistas”, disse.
“Tudo o que é demais atrapalha. É tanto direito que os patrões, os empreendedores, contratam o mínimo possível e pagam o mínimo possível”, comentou, defendendo que o trabalhador escolha entre “menos direito e mais emprego ou todos os direitos e o desemprego”.
Bolsonaro também voltou a criticar a multa de 40% sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) a que os trabalhadores têm direito em casos de demissão sem justa causa.
“Essa multa apareceu no final do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Trabalho à época era o Francisco Dornelles, que elaborou esse projeto para evitar demissões”, comentou Bolsonaro.
“Num primeiro momento, funcionou para evitar as dispensas, mas hoje em dia as pessoas já não contratam mais”, concluiu.
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