O presidente Jair Bolsonaro visitará o Nordeste, novamente, no próximo dia 17 de agosto. Ele participará da inauguração da termelétrica do Porto de Sergipe, em Aracaju, além de visitar a Fábrica de Fertilizantes de Laranjeiras, reaberta na semana passada. Como pano de fundo da visita está a ofensiva do governo para a aprovação da nova lei do gás (PL 6.407), que está na Câmara. Será a terceira visita num intervalo de 50 dias que o presidente faz à região.
A primeira foi para inaugurar um trecho da transposição do Rio São Francisco, na semana de 24 de junho. A segunda, em 30 de julho, visitou Piauí e Bahia, em inaugurações de sistemas de abastecimento de água. A região é onde o presidente tem índices mais elevados de desaprovação.
O convite feito pelo deputado Laércio Oliveira (PP-SE) tem o objetivo claro de demonstrar força para aprovar a lei do gás, da qual é relator na Câmara. Além do presidente, uma comitiva de apoiadores do projeto também se fará presente. Entre os convidados está a Abrasce, a associação de grandes indústrias eletrointensivas, presidida por Paulo Pedrosa, ex-secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, e um dos maiores patrocinadores do projeto.
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Fará falta, contudo, a Abegás, a associação de distribuidores de gás encanado, que é contra o projeto atual. A proposta da Abegás, presidida por Augusto Salomon, é criar a figura de termelétricas inflexíveis no interior do país, para justificar os investimentos em uma malha de gasodutos. Além disso, os que pedem mudanças no projeto do governo, como o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), afirmam que o projeto de lei incentiva a importação de gás e reduz a competitividade do gás do pré-sal, o que desperdiçaria uma oportunidade de ganhos para o país em investimentos e royalties.
O governo, na figura do ministro Paulo Guedes, já se posicionou de forma contrária a alterações na proposta. Mesmo que o projeto esteja em debate na Câmara, com um pedido de urgência aprovado, o governo tentará aprova-lo sem mudanças. Por isso, a ida de Bolsonaro ao Nordeste é um trunfo. A inauguração da termelétrica e a reabertura da fábrica de fertilizantes são vistas como os primeiros frutos das alterações que o governo produziu no setor, ao quebrar o monopólio da Petrobras por meio de mudanças infralegais na Agência Nacional do Petróleo (ANP) e por decisões do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O projeto, caso aprovado, consolidaria as mudanças impostas por essas instâncias administrativas.
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