Biografia desvenda os mistérios do ator e diretor Elias Andreato

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Nos bastidores de espetáculos, Elias Andreato, 64, já ocupou posições prestigiosas: dirigiu Paulo Autran em Visitando o Sr. Green (2000) e Maria Bethânia em Bethânia e as Palavras (2010). Sozinho no palco, firmou-se como intérprete devoto em peças como Van Gogh (1993) e Doido (2009), entre mais de uma centena de montagens. Escondida atrás da esquisitice de seus personagens, uma história ainda mais fantasiosa, a da sua trajetória pessoal, permanecia um mistério.

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Biografia de Elias Andreato: o artista desvendadoDivulgação

Com o lançamento da biografia Elias Andreato — A Máscara do Improvável (Humana Letra; 43 reais), marcado para a segunda (8), a partir das 19 horas na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, o público conhecerá a intimidade do ator e diretor por meio da escrita envolvente do jornalista e crítico de teatro de VEJA SÃO PAULO Dirceu Alves Jr. “É um misto de vergonha e orgulho rever a sua vida, procurar você mesmo na memória é estranho”, conta Elias.

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Autor do livro, Dirceu Alves Jr.: mais de trinta horas de entrevistasVeja SP

Por três meses, todas as sextas, a dupla se reunia no apartamento do ator, em Perdizes, para longas horas de conversa (mais de trinta, no total). O clima de análise ganhava força pela própria configuração da sala, com um divã vermelho que foi cenário de Pequenos Burgueses (1977), sua primeira peça profissional, produzida pela companhia de teatro de Renato Borghi, seu companheiro por quase dez anos. Ao término do relacionamento, o móvel ficou com Elias. “Ele se arrependeu depois, mas era tarde.” Elias, que nasceu em Rolândia (PR) e veio para São Paulo aos 3 anos, passou a infância em cortiços da Vila Anastácio e, antes de conquistar seu lugar no palco, trabalhou como engraxate, office-boy, camareiro e operador de luz.

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Elenco e diretor da peça Visitando Sr. Green: montagem dos anos 2000Divulgação

Perguntas delicadas sobre o diagnóstico de hepatite C e as plásticas malsucedidas não foram deixadas de lado. “Elias relutou em ser biografado, só concordou quando eu disse que sua história poderia inspirar jovens”, lembra o autor. Na sequência do prefácio, de Marília Gabriela, Dirceu relata o show de Maria Bethânia que Elias viu, em 1972, Rosa dos Ventos, e lhe acendeu a vontade de ser artista. “Eu fui apenas um canal para despertar sua vocação”, disse a cantora, que virou amiga próxima de Elias e permeia a narrativa de Dirceu. Inevitavelmente emotiva nos momentos em que descreve o impacto do abrir das cortinas, a biografia revela mais do que talvez ambos previssem. Na dedicação ao ofício (e também na paixão por Bethânia), as máscaras de entrevistado e entrevistador caem e sobra só o amor ao teatro.

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Publicado em VEJA SÃO PAULO de 10 de abril de 2019, edição nº 2629.



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