Um novo estudo revelou que os barcos neolíticos do Mediterrâneo já possuíam sofisticações e soluções náuticas que são usadas até hoje em embarcações modernas. Esses avanços foram o que provavelmente permitiu a difusão dessas civilizações pela região.
Na pesquisa publicada na revista PLOS ONE, os pesquisadores investigaram cinco embarcações descobertas num povoado que data de 7 mil anos atrás e que atualmente se encontra no fundo de um lago na Itália. A análise desses barcos revelou vários avanços alcançados ainda na Idade Média.
- O vilarejo onde os barcos foram encontrados é conhecido como La Marmotta, localizado no Lago Bracciano;
- Atualmente, ele está submerso sob 8 metros de água do lago e abaixo de 10 metros de sedimento;
- Acredita-se que o local tenha sido habitado entre 5.700 e 5.150 a.C., sendo o assentamento neolítico mais antigo à beira de um lago no Mediterrâneo central.
Os barcos do neolítico
A maior das cinco embarcações encontradas possui cerca de 10,4 metros de comprimento, tendo sido construída a partir de um enorme tronco de carvalho. O navio possui reforços transversais que provavelmente o deram maior durabilidade e melhorando seu manuseio.
Além disso, também foram encontrados três itens de madeira em forma de T com vários buracos no lado direito da canoa. Acredita-se que eles possam ter prendido cordas, uma vela, ou até mesmo outro barco, para criar um casco duplo em forma de catamarã.
A segunda maior canoa é feita de um tronco oco de amieiro com um objeto em forma de cogumelo e um único furo, muito semelhante aos pilares de portos modernos. Ele era provavelmente utilizado para proteger as embarcações quando o nível do lago subia.
As outras embarcações eram um de choupo, um de faia e mais um de amieiro. No estudo, os pesquisadores apontaram que essa diversidade de madeira que era utilizada nos barcos indica que os construtores pré-históricos conheciam as diferentes qualidades de cada tipo de material. Por exemplo, o carvalho pode ter sido escolhido devido a sua durabilidade.
A datação direta das canoas neolíticas de La Marmotta revela serem as mais antigas do Mediterrâneo, oferecendo informações valiosas sobre a navegação neolítica. Este estudo revela a incrível sofisticação tecnológica das primeiras comunidades agrícolas e pastoris, destacando as suas capacidades de marcenaria e a construção de embarcações complexas.
Autores do estudo, em comunicado
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Navegando pelo mediterrâneo
Os pesquisadores acreditam que os barcos eram utilizados além do Lago Bracciano, podendo ter navegado até mesmo pelo Mediterraneo, tendo chegado lá a partir de um rio que liga os dois. Na verdade, existem alguns artefatos estrangeiros, como cerâmicas gregas e bálticas, que foram encontradas no vilarejo anteriormente.
Em um estudo anterior, de 1998, os pesquisadores também investigaram a navegabilidade das embarcações, tendo construído uma réplica que viajou mais de 800 quilômetros, entre a Itália e Portugal.
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